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Osama não estava armado, corrige Casa Branca

Ao contrário do que havia dito inicialmente, governo americano afirma que o terrorista não estava armado durante a operação que o encontrou e o matou

Por Da Redação
3 Maio 2011, 17h33

Representantes da Casa Branca voltaram atrás e corrigiram a informação de que o terrorista Osama bin Laden estava armado no momento em que foi morto no domingo, em uma operação planejada pela Central de Inteligência Americana (CIA) e executada no domingo pela Team 6, uma unidade especializada no combate a terroristas. Jay Carney, secretário de imprensa da Casa Branca, informou, contudo, que bin Laden resistiu à prisão. “Para que haja resistência não é necessária a presença de uma arma”, disse Carney.

O governo americano também informou que a esposa do terrorista não foi morta. Ela foi alvejada na perna, depois de investir contra membros da tropa de elite americana no terceiro andar da casa onde Osama estava escondido, nos arredores de Islamabad, capital do Paquistão. Informações anteriores apontavam para a possível morte da esposa de bin Laden, que teria sido usado pelo terrorista como escudo humano durante a operação.

A Casa Branca explica que a mulher que morreu no ataque era de uma outra família que vivia na casa. A mulher recebeu um tiro e morreu no primeiro andar e não no terceiro, onde bin Laden foi encontrado e morto.

A caçada para capturar, vivo ou morto, o homem mais procurado pelos EUA durou dez anos, e as forças especiais americanas precisaram de 40 minutos para eliminar bin Laden, principal estrategista da organização terrorista Al Qaeda. Ao contrário do que sempre se imaginou, o terrorista não estava escondido em cavernas de alguma região inóspita do Afeganistão. Desfrutava de todo o conforto de uma casa avaliada em um milhão de dólares, construída especialmente para abrigá-lo no coração do Paquistão. O local, com todas as suas configurações especiais, foi justamente o que colocou os agentes americanos na pista certa do terrorista.

O início da caçada – O início da fase mais quente da caçada a bin Laden remonta a 2007, quando a CIA conseguiu identificar um dos homens de confiança do terrorista. Prisioneiros dos americanos contavam histórias sobre o principal mensageiro de bin Laden. Um homem próximo ao chefão da Al Qaeda e que, se encontrado, aumentaria as chances dos americanos capturarem o inimigo público número um dos EUA.

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Com o ‘nome de guerra’ do mensageiro em mãos, os militares americanos levaram a informação a dois figurões do terrorismo, capturados pelos Estados Unidos – Khalid Shaikh Mohammed, o arquiteto do ataque de 11 de setembro e Abu Faraj al-Libi, o chefe de operações da Al Qaeda.

Quando questionados sobre o nome do mensageiro, tanto Mohammed quanto al-Libi afirmaram prontamente que não faziam ideia de quem seria o indivíduo. O comportamento dos terroristas levantou as suspeitas dos agentes da CIA. A reação era típica de quem estaria protegendo uma figura importante.

Esfria e esquenta – Em 2005, a CIA quase jogou a toalha. O rastro de bin Laden estava gelado, admitiu a agência. Por causa disso, os americanos realocaram os agentes parados e enviaram mais profissionais a campo no Afeganistão e Paquistão. Com maior poder humano em atividade, a CIA conseguiu descobrir o sobrenome do misterioso mensageiro.

Com a informação em mãos o serviço secreto americano iniciou uma complexa operação de grampos e escutas para monitorar constantemente a família do mensageiro, residente em um país no Golfo Pérsico. Todos os emails e ligações telefônicas feitas entre qualquer pessoa do Paquistão e a família do homem de confiança de bin Laden eram escrutinados pelos americanos. Assim, descobriu-se o nome completo do homem que mais tarde levaria as autoridades dos EUA a Osama bin Laden.

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Aproximação – Em julho de 2010, os agentes da CIA avistaram o capanga de bin Laden no Paquistão. Depois de semanas de monitoração, agentes paquistaneses que trabalhavam para a agência de inteligência dos EUA seguiram um suzuki branco que passava pelas ruas de Peshwar. Eles anotaram a placa.

O homem no carro era o mensageiro de bin Laden. Após semanas de monitoração, o carro foi avistado entrando em um casarão em Abbottabad, uma cidade a 56 quilômetros ao norte de Islamabad, capital daquele país. Os agentes americanos logo perceberam que estavam no caminho certo. A casa, localizada no fim de uma rua de terra em um loteamento luxuoso da cidade, era incomum.

O esconderijo – Construído em 2005, o último refúgio de bin Laden era uma fortaleza de três andares no subúrbio de Abbottabad, rodeada de casinhas menores. De acordo com a rede americana ABC, a propriedade avaliada em 1 milhão de dólares é oito vezes maior que as construções próximas e possui muros altos, entre 3,6 e 5,5 metros de altura, equipados com arame farpado e dois portões de segurança. Isso chamou a atenção dos agentes da CIA, que suspeitaram estar no rastro de algo grandioso. Vieram então novas surpresas.

Apesar de ser desproporcionalmente maior que as casas em volta, com alto valor de mercado – o que indicaria ali a presença de moradores ricos -, o local não possuía linhas de telefone ou ligações de internet que pudessem ser grampeadas. Além disso, os indivíduos que moravam na mansão eram tão preocupados com segurança que o lixo era queimado, ao invés de ser colocado em sacos para recolhimento, como é o costume local. De acordo com oficiais do governo americano, a fortaleza foi construída especialmente para receber um hóspede do calibre de bin Laden.

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Tecnologia – Levantadas as suspeitas, as informações detalhadas sobre a estrutura e rotina da casa foram conseguidas graças às ferramentas de alta tecnologia disponíveis à CIA. Imagens de satélites foram feitas da fortaleza. Tudo para determinar um “padrão de vida” que pudesse dizer se valeria a pena executar um operação.

Os americanos construíram uma maquete virtual da mansão a partir de imagens de satélite estudaram os mínimos detalhes da construção antes de deflagrar a operação. Na casa viviam, entre outras pessoas, o mensageiro, o irmão, o terrorista bin Laden, uma de suas esposas e um de seus filhos.

Indecisão – A partir dessas imagens a CIA descobriu que a casa havia sido construída de modo a dificultar o acesso por terra, com a inclusão de passagens que davam um aspecto de labirinto aos primeiros níveis da fortaleza. Em fevereiro, a agência tinha confiança de que se tratava do esconderijo de bin Laden. Mas a posição não era unânime. O fantasma de um passado com vários fracassos em missões especiais ainda assombrava os americanos.

A decisão final de conduzir a operação não foi tomada facilmente. A missão ‘Black Hawk Down’ era sempre lembrada nas longas reuniões que fizeram parte da rotina dos oficiais de defesa dos EUA nas últimas semanas. Em 1993, um combate desastroso na Somália destruiu um helicóptero americano e parte da tripulação morreu. O fracasso em resgatar os reféns no Irã em 1980 também assombrava os oficiais.

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A cúpula se dividiu: uns queriam continuar monitorando a situação até que se tivesse certeza de que Osama estava realmente dentro do casarão. Outros queriam jogar bombas. O presidente Barack Obama foi contra a solução radical de explodir o complexo, uma vez que a destruição poderia dificultar a identificação precisa do destino de bin Laden. Optou-se então por enviar uma tropa de elite.

Na última das reuniões, no dia 29 de abril, enquanto o mundo assistia deslumbrado ao casamento real na Inglaterra, Obama deu a ordem para montar a operação deflagrada no domingo. A cúpula de segurança do governo Obama se reuniu durante a tarde na Casa Branca para acompanhar o desenrolar da missão. O silêncio dominou a maior parte do tempo. Obama tinha a expressão de pedra. O vice-presidente Biden, apalpava as pedras de um rosário. Os minutos eram dias.

A operação – À 1h15, horário local de Abbottabad (17h15 no horário de Brasília), os moradores perceberam que algo estava acontecendo. Um morador utilizou o Twitter para dizer: “Helicópteros sobrevoando Abbottabad a 1 da manhã”. Minutos depois, completou: “Grande explosão de janela aqui em Abbottabad. Espero que não seja o início de algo ruim”.

O governo americano designou quatro helicópteros, carregando 79 fuzileiros navais do Team 6. A operação foi comandada pelo diretor da CIA, Leon Panetta, que acompanhava todos os acontecimentos a partir do centro de comando em Langley, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Panetta também estava sendo projetado na sala de reuniões de emergência da Casa Branca, onde a equipe de Obama acompanhava o desenrolar da missão por meio da narração do diretor da CIA.

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Os helicópteros partiram da base aérea de Ghazi, que fica no noroeste do Paquistão. Atiradores no telhado da mansão abriram fogo com lançadores de granadas quando as aeronaves se aproximavam para a invasão da mansão. Um dos helicópteros, possivelmente atingido, teve que efetuar um pouso de emergência. Testemunhas disseram ter ouvido dois estrondos seguidos de uma grande explosão.

Outros dois aparelhos aguardavam próximos dali, em reserva técnica, caso fosse necessário pedir reforço. Osama bin Laden recebeu um tiro na cabeça e morreu na hora. Um dos filhos de bin Laden, o mensageiro, o irmão e uma mulher que foi usada como escudo humano por um dos homens, também foram mortos. Mais tarde, John Brennan, principal assessor anti-terror do presidente Obama, afirmou que o próprio bin Laden teria usado a mulher como escudo.

O codinome para bin Laden na operação era ‘Geronimo”. Panetta narrava do quartel general da agência, no estado da Virgínia, o que estava acontecendo milhares de quilômetros dali, no luxuoso loteamento no coração do Paquistão para a cúpula do governo Obama. “Eles chegaram no alvo”, disse. Minutos se passaram. “Temos confirmação visual de Geronimo”. Alguns minutos depois: “Geronimo EKIA”. EKIA é uma expressão militar que significa: Enemy Killed In Action, ou, inimigo morto em ação. Houve um silêncio na sala de reunião em Wasgington. Finalmente, o presidente tomou a palavra. “Pegamos ele”.

Antes de partir, os agentes americanos colocaram explosivos no helicóptero danificado. A aeronave foi completamente destruída. Em seguida, a tripulação embarcou nos outros helicópteros e deixou o local levando o corpo de bin Laden. A operação levou 40 minutos. bin Laden foi sepultado no mar.

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