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Os apuros de Trump para tentar a reeleição

O ensolarado cenário eleitoral do presidente no começo do ano foi por água abaixo. Com um tranco atrás do outro, ele está por ora 14 pontos atrás de Biden

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h03 - Publicado em 3 jul 2020, 06h00
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  • O ditado americano “Quando chove, vira um dilúvio” deve estar martelando na cabeça de Donald Trump neste pandêmico 2020. Candidato à reeleição em novembro, o presidente americano, no começo do ano, livrara-se de uma incômoda investigação sobre relações impróprias com a Rússia, havia deslizado sem arranhões profundos por um pedido (rejeitado) de impeachment, surfava em uma economia de ondas gigantes e deixava para trás, nas pesquisas, todos os adversários que o desafiavam no Partido Democrata. Agora, o vento virou: com a popularidade contagiada pelo novo coronavírus, Trump acusa um golpe atrás do outro no Judiciário, no recuo de 5% do PIB no primeiro trimestre, na indiscrição de ex-amigos e até dentro de casa, em que uma sobrinha detalhou episódios desabonadores em livro que será publicado após longa batalha legal. Sem fazer nada a não ser lives de um escritório montado no porão de sua casa, o nada carismático Joe Biden, ungido candidato democrata à Casa Branca, está inimagináveis 14 pontos à frente de Trump nas pesquisas, com folga suficiente para, se a eleição fosse hoje, sair em primeiro tanto na votação popular quanto no Colégio Eleitoral.

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    Depois de cancelar coletivas e limitar viagens por causa da pandemia, Biden, 77 anos, organizou no fim de junho um evento com apenas 25 eleitores distribuídos em um enorme ginásio na Pensilvânia, para garantir o distanciamento. Trump fez piada do “entusiasmo zero” da plateia e, no dia seguinte, pretendia tripudiar sobre o adversário com uma multidão de apoiadores apinhados em um auditório fechado em Tulsa, no Estado de Oklahoma — bem ao gosto de quem acha exagero os cuidados para evitar o contágio. Pois o comício teve público menor do que o esperado (6 200, onde cabem 19 000). Trump foi golpeado por adolescentes que, via aplicativo TikTok, inflaram as reservas de lugares e as expectativas. “O melhor que Biden pode fazer é continuar trancado em seu porão e deixar Trump se afundar sozinho”, recomenda John Ferejohn, especialista em política da Universidade Stanford.

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    VANTAGEM - O democrata Joe Biden: campanha a partir do porão de sua casa. (Jim Bourg/Reuters)

    O começo da derrapada foi a resposta do presidente à pandemia, minimizando o problema e demorando para tomar decisões. Com isso, carregou os Estados Unidos para o topo do ranking, com 2,7 milhões de casos e subindo: na pressa de reabrir tudo, tática apoiada pela Casa Branca, houve um salto de 80% no número de infectados em duas semanas. Outro escorregão partiu da resposta tímida, quando não pendendo para o lado errado, diante da morte do negro George Floyd, asfixiado em praça pública por um policial, episódio que desencadeou protestos em massa contra o racismo. Não bastasse, John Bolton, ex-assessor para assuntos externos, escreveu um livro em que retrata o ex-chefe como um fanfarrão que bajula os “ditadores favoritos”, é engambelado pelo russo Vladimir Putin e trata mal quem não o adula, entre outras falhas. Para piorar, na Suprema Corte, onde instalou dois juízes conservadores, sofreu baques significativos no esforço para barrar imigrantes.

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    É nesse contexto que Biden, jogando parado, vai ganhando distância na corrida eleitoral, avançando inclusive em dois notórios redutos trumpistas: tem ligeira vantagem entre eleitores com mais de 65 anos e está praticamente empatado entre os brancos em geral. Examinando as probabilidades, a revista The Economist concluiu que o democrata tem 89% de chance de se tornar o novo presidente. “A maior habilidade política de Trump é a capacidade de atrair os holofotes. Nesta crise, ela está falhando, por falta de um plano e de políticas consistentes”, diz James Morone, cientista político da Universidade Brown, de Rhode Island. Nada disso quer dizer que Trump não pode se recuperar nos próximos meses e ganhar a eleição. Hillary chegou a ter 12 pontos de vantagem e, até as vésperas da votação, grande parte da mídia e dos institutos de pesquisa a apontava como provável vencedora. Deu no que deu.

    Publicado em VEJA de 8 de julho de 2020, edição nº 2694

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