Dois grupos da oposição política militar ao presidente sírio, Bashar al-Assad, aumentaram a pressão anunciando nesta segunda-feira uma colaboração entre eles, enquanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pedia uma atuação mais forte ao Conselho de Segurança, dividido sobre o caso.
“A situação atingiu um ponto inaceitável. Espero sinceramente que o Conselho de Segurança aborde (esta crise) de maneira séria e coerente”, disse Ban Ki-moon em uma entrevista coletiva à imprensa em Abu Dhabi, durante uma cúpula sobre energia.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne as principais correntes da oposição, explicou que instalou com o Exército Sírio Livre (ASL), formado por desertores, “um escritório de ligação e um telefone vermelho para acompanhar o que está acontecendo no plano político e no terreno”.
Em uma reunião, na noite de sábado, autoridades de ambos os grupos mencionaram “a reestruturação das unidades do ASL e a formação de uma estrutura moderna e flexível (…) que tornará possível mobilizar rapidamente unidades militares e reciber um número cada vez maior de oficiais e soldados” desertores, segundo um comunicado do CNS.
A Síria é sacudida desde 15 de março por uma onda de contestação popular contra o regime do presidente Assad, que enviou suas tropas apoiadas por milícias às cidades rebeldes para tentar reprimir os protestos, causando a morte de pelo menos 5.000 pessoas, segundo um cálculo da ONU no início de dezembro.
Frente a esta repressão, muitos soldados desertaram e aderiram ao ASL, que reivindica cerca de 40.000 combatentes. Suas operações contra o Exército regular e as forças de segurança deixaram dezenas de mortos.
Na semana passada, um conselheiro de um general do Exército sírio desertor anunciou a iminente criação de um “Conselho Superior Militar” para planejar las operações contra o regime.
Em nível internacional, um projeto de resolução mais agressivo esbarra na oposição de Rússia e China.
Em meados de dezembro, a Rússia tomou a iniciativa de apresentar um texto que condena ao mesmo tempo a violência do governo e da oposição.
Mas as potências ocidentais consideraram o texto muito tímido.
França e Estados Unidos acusaram o Irã de enviar armas à Síria.
“Condenamos estas violações e pedimos a Irã e Síria que aceitem plenamente as resoluções do Conselho de Segurança”, declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé.
No domingo, o regime anunciou uma anistia geral para as pessoas envolvidas nos “acontecimentos”, iniciativa criticada imediatamente pela oposição.
Cinco pessoas, entre elas uma mulher, morreram, e outras 9 ficaram feridas nesta segunda-feira em um ataque a uma padaria executado por milícias favoráveis ao regime em Homs (centro), informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que citou moradores do local.
Uma adolescente de 16 anos foi morta a tiros por um francoatirador, também em Homs, onde três civis ficaram feridos por disparos das milícias favoráveis ao regime.
Em Ariha (noroeste), cinco civis ficaram feridos por disparos das forças de segurança, acrescentou a organização com sede no Rein Unido.
Nesta mesma província foram registrados violentos confrontos entre soldados e desertores.
“Vinte soldados desertaram. Cinco deles morreram e os outros 15 conseguiram fugir”, segundo o OSDH.