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ONU enfrenta dúvidas e hostilidade na sua missão no Haiti

'É preciso identificar os problemas e fazer correções', afirma representante

Por Da Redação
12 jan 2011, 07h34

“Muitos se perguntam sobre o que mudou. Passaram-se 12 meses e a situação ainda continua a mesma”

Stefano Vannini, chefe da missão da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF)

No primeiro aniversário do terremoto que devastou o Haiti, a ONU se vê às voltas com dúvidas da população sobre sua eficácia na reconstrução do país e uma crescente hostilidade à presença de suas tropas na nação caribenha. “O governo haitiano, os doadores e as Nações Unidas têm uma responsabilidade compartilhada de explicar à população por que a reconstrução não foi mais rápida. É preciso identificar problemas e fazer correções”, diz Farid Zarif, chefe do Departamento de Operações de Paz da ONU para América Latina e Europa. Junto às autoridades locais, a ONU é um dos principais alvos do descontentamento pelo lento progresso da reconstrução do país após o violento tremor de 12 de janeiro de 2010.

Desde então, a ONU liderou os esforços para reconstruir o Haiti. Através do Programa Mundial de Alimentos (PMA), por exemplo, chegou a auxiliar 4 milhões de pessoas nas semanas posteriores ao desastre. Um ano depois, ainda alimenta 2 milhões e proporciona 80.000 postos de trabalho. Além disso, a ONU organizou em Nova York uma conferência de doadores na qual foram prometidos bilhões de dólares para a reconstrução, e ainda nomeou como enviado especial a esse país o ex-presidente americano Bill Clinton, que copreside a comissão encarregada de administrar as doações. Doze meses depois, porém, o trabalho é insuficiente, já que o país segue oferecendo condições precárias de vida aos seus cidadãos.

Clinton reconheceu em sua recente visita ao Haiti que compreende a frustração dos haitianos com a lentidão do progresso na reconstrução da infra-estrutura, mas garantiu que haverá “uma grande evolução” em 2011, e que muitas centenas de milhares de desabrigados poderão se mudar para lares permanentes. “Sabemos agora que as expectativas iniciais para o ritmo da reconstrução eram exageradas”, admitiu Zarif, da ONU. “O Haiti sofre com uma sucessão de crises que parece interminável, e que deixa grande parte da população em condições cada vez mais desesperadas”, disse ele, lembrando que fatos como a epidemia de cólera ajudaram a tornar a situação ainda mais desesperadora para os moradores do país.

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Distúrbios – Quem tem a mesma opinião é o chefe da missão da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Haiti, Stefano Vannini. “Muitos se perguntam sobre o que mudou. Passaram-se 12 meses e a situação continua a mesma”, afirmou ele. Vannini disse que os haitianos ainda veem a missão de estabilização da organização no Haiti (Minustah) como “uma força de ocupação”, apesar dos “indubitáveis” avanços obtidos desde seu início, em 2004. A essa percepção ainda se soma o desconforto causado pelas denúncias de irregularidades nas eleições de novembro, realizadas com o apoio da ONU e marcadas por graves distúrbios, com um saldo de quatro mortes. A própria epidemia de cólera atrapalha a imagem da ONU.

As suspeitas são de que a epidemia, que matou cerca de 3.500 pessoas desde outubro do ano passado, foi originada em um acampamento de capacetes azuis do Nepal. Violentos protestos exigiram a saída do contingente estrangeiro. A ONU criou um grupo independente de especialistas, liderado pelo mexicano Alejandro Cravioto, para averiguar a origem da epidemia. Para Vannini, dos Médicos Sem Fronteiras, a ONU frequentemente tem que “dar a cara” perante os haitianos devido aos erros de toda a comunidade internacional. Ele aponta, no entanto, que falta “agressividade” à organização para pôr as mãos à obra e superar as dificuldades de trabalhar nas condições extremas nas quais atualmente o país se encontra.

(Com agência EFE)

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