Em artigo, Jaswant Singh cobra dos países emergentes, incluindo o Brasil, uma postura enérgica contra os abusos de Vladimir Putin na Ucrânia
Por Jaswant Singh
30 ago 2014, 08h32
Os países emergentes do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) Sabelo Mngoma/AP/VEJA
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O mundo, ao que parece, está dominado por uma anomia geopolítica. Nenhum líder, grupo de líderes ou instituição reúne autoridade suficiente para restaurar algo parecido com a paz e a ordem internacionais. Para muitos, esta falta de direção global faz lembrar a caminhada sonâmbula da Europa rumo à catástrofe de 100 anos atrás.
Há certamente algumas semelhanças incríveis entre os acontecimentos de hoje e os daquele momento fatídico. A queda do voo MH17 da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia ecoou o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, em 1914, por sua imprudência – isso sem mencionar o fracasso dos governos e cidadãos em reconhecer que a rivalidade diplomática rapidamente pode dar lugar à violência.
De fato, mesmo após a Rússia anexar a Crimeia e fomentar movimentos separatistas no leste da Ucrânia, as companhias aéreas não consideraram necessário replanejar as rotas dos voos. Isto refletiu na reação da comunidade internacional – ou na falta dela – aos desdobramentos ameaçadores. Com as forças russas tendo agora participação direta na agitação do leste ucraniano, o fósforo aceso pelo presidente Vladimir Putin pode acender a chama de um conflito. (Continue lendo o texto)
1/61 Idosa é acolhida após o prédio em que ela morava ser atingido por um bombardeio nos arredores de Donetsk, leste da Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
2/61 Bombeiro tenta combater incêndio em uma casa que foi bombardeada em Donetsk, leste da Ucrânia (Maxim Shemetov/AFP)
3/61 Mulher caminha em hospital atingido por míssil em Donetsk, na Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
4/61 Portões do Ministério de Defesa da Ucrânia em chamas durante protesto contra a dissolução do batalhão em Kiev (Valentyn Ogirenko/Reuters)
5/61 Membro do Ministério da Defesa da Ucrânia tenta prender membro do batalhão "Aydar", que adentrou o complexo do Ministério durante protesto contra a dissolução do batalhão em Kiev (Valentyn Ogirenko/Reuters)
6/61 Moradores deixam suas casas após bombardeio na cidade de Ienakiieve, na Ucrânia (Maxim Shemetov/Reuters)
7/61 Mulher chora ao ver casas atingidas pelos bombardeios na cidade de Ienakiieve, na Ucrânia (Maxim Shemetov/Reuters)
8/61 Mulher anda com carrinho de bebê em frente à cruzes postas no chão em homenagem aos mortos do bombardeio na cidade de Mariupol, Ucrânia, por combatentes pró-Rússia no último dia 24 de janeiro (Valentyn Ogirenko/Reuters)
9/61 Pelo menos 21 pessoas morreram e 46 ficaram feridas, num bombardeamento durante a manhã de sábado, em Mariupol, na zona leste da Ucrânia (Stringer/Reuters)
10/61 Pelo menos 13 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após um morteiro atingir um trólebus em Donetsk, no leste da Ucrânia. Mais de 5.000 pessoas morreram na guerra travada desde abril de 2014 entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos no leste do país (VEJA.com/Reuters)
11/61 Pessoas carregam uma vítima de um projétil que atingiu um trólebus, em Donetsk (Reprodução/TV/VEJA)
12/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
13/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (Army.SOS/Reuters)
14/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
15/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
16/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (Army.SOS/Reuters)
17/61 Vista geral do aeroporto em março de 2014 (Google/Reprodução)
18/61 Fumaça no Aeroporto Internacional de Sergey Prokofiev danificada por bombardeios durante a luta entre os separatistas pró-russos e forças do governo ucraniano, em Donetsk - 12/11/2014 (VEJA.com/Reuters)
19/61 Fumaça no prédio administrativo do Aeroporto Internacional de Sergey Prokofiev após o bombardeio entre separatistas pró-russos e forças do governo da Ucrânia, em Donetsk - 09/11/2014 (VEJA.com/Reuters)
20/61 Mulher em seu apartamento, após recente bombardeio em Donetsk, na Ucrânia - 05/11/2014 (VEJA.com/Reuters)
21/61 Pássaros voam perto da torre de controle de tráfego do Aeroporto Internacional de Sergey Prokofiev, danificada por bombardeios durante combates entre separatistas pró-Rússia e forças do governo ucraniano na semana passada, em Donetsk, na Ucrânia oriental - 9/10/2014 (Shamil Zhumatov/Reuters)
22/61 O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, durante visita à base militar da região fronteiriça de Kiev, em 7/10/2014 (Valentyn Ogirenko/Reuters)
23/61 Rebelde pró-Rússia se prepara para tomar posição perto do Aeroporto Internacional de Sergey Prokofiev, durante os combates com as forças do governo ucraniano, na cidade de Donetsk, na Ucrânia oriental - 4/10/2014. Apesar do cessar-fogo decretado na região, ambos os lados combatentes creem um longo conflito (Shamil Zhumatov/Reuters)
24/61 Manifestantes ultranacionalistas ucranianos protestam contra a concessão de auto-governo nas áreas sob o controle dos rebeldes pró-Rússia nas regiões de Donetsk e Lugansk, em frente à Presidência em Kiev - 17/09/2014 (Sergey Dolzhenko/EFE)
25/61 O parlamentar Vitaly Zhuravsky foi atirado dentro de uma lata de lixo por manifestantes ucranianos (Reprodução/Ukraine Today/VEJA)
26/61 Ativistas do grupo Femen protestam em frente ao Mosteiro de Pechersk Lavra em Kiev. O grupo protestava contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou, que apoia a intervenção russa na Ucrânia - 11/09/2014 (Valentyn Ogirenko/Reuters)
27/61 O presidente ucraniano, Petro Poroshenko visitou à cidade costeira de Mariupol em demonstração de solidariedade aos cidadãos em apuros e prometeu defendê-los dos separatistas pró-Rússia - 08/09/2014 (Vasily Fedosenko/Reuters)
28/61 Alunos da Escola de Cadetes durante o primeiro dia na academia militar de Kiev, Ucrânia - 01/09/2014 (Tatyana Zenkovich/EFE)
29/61 Pedaço de projétil fotografado no meio da estrada para o aeroporto de Donetsk, Ucrânia - 01/09/2014 (Maxim Shemetov/Reuters)
30/61 No primeiro dia de curso, aluno da Escola de Cadetes, de Kiev, mostra um desenho em que aparecem as banderias da Ucrânia e da Rússia - 01/09/2014 (Tatyana Zenkovich/EFE)
31/61 Alunos prestigiam a cerimonia que marca o começo ano escolar em Slaviansk, Ucrânia - 01/09/2014 (Gleb Garanich/Reuters)
32/61 Gato anda entre escombros de casa destruída em recente bombardeio em Ilovaysk, leste da Ucrânia - 31/08/2014 (Maxim Shemetov/Reuters)
33/61 Na imagem, uma coluna de fumaça preta sobre o fogo é vista na pequena cidade de Novoazovsk, na região de Donetsk, ao sul da Ucrânia, em 27/08/2014. O país solicitou ajuda da OTAN depois de relatar que um grande comboio de tanques e armamentos russos estava se movendo ao sudeste das fronteiras ucranianas (Alexander Khudoteply/AFP)
34/61 Fogo consome uma escola no centro de Donetsk, cidade controlada pelos rebeldes no leste da Ucrânia, depois de ser atingida por um bombardeio (Francisco Leong/AFP)
35/61 Membros do batalhão de defesa nacional são vistos durante uma marcha em frente ao escritório da Administração Presidencial, em Kiev, como forma de apoio aos soldados que cumprem missão no leste da Ucrânia (Valentyn Ogirenko/Reuters)
36/61 Soldado ucraniano em posto de controle perto da cidade de Donetsk, a maior do leste da Ucrânia (Anatolii Stepanov/AFP)
37/61 Mulher chora após conflito entre rebeldes e militares ucranianos ter deixado mortos nos arredores de Donetsk, ao leste do país (Sergei Karpukhin/Reuters)
38/61 Novos voluntários do batalhão de defesa ucraniano Azov, são vistos em frente a Catedral de Santa Sofia, antes do juramento de fidelidade ao país, em Kiev; Os voluntários partirão em seguida para a Ucrânia oriental (Valentyn Ogirenko/Reuters/VEJA)
39/61 Membro da força-tarefa especial da polícia ucraniana Kiev-1 patrulha a aldeia ucraniana de Semenovka perto Sloviansk (Gleb Garanich/Reuters/Reuters)
40/61 Soldados ucranianos inspecionam um tanque destruído usado por rebeldes pro-Rússia, em Slaviansk na Ucrânia (Maxim Zmeyev/Reuters/VEJA)
41/61 O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, com os membros do esquadrão especial da polícia nacional, na cidade de Slaviansk; O Governo da Ucrânia mantém pressão militar contra os rebeldes pró-Rússia, exigindo que os separatistas deponham as armas (Gleb Garanich/Reuters/VEJA)
42/61 Soldados do governo ucraniano assumem posição em um campo do girassol cerca de 20 km ao sul de Donetsk; A ação integra parte de uma campanha para cercar a cidade e a vizinha, Lugansk, que também é controlada por separatistas pró-Rússia (Dominique Faget/AFP/VEJA)
43/61 Forças ucranianas se deslocam para o norte da região de Donetsk para participar de uma operação anti-terrorista contra os rebeldes pró-Kremlin (Genya Savilov/AFP/VEJA)
44/61 As Forças Armadas da Ucrânia começaram na madrugada desta sexta-feira (2) uma operação militar em Slaviansk, no sudeste do país, para retomar o controle da cidade (AFP/VEJA)
45/61 Ao menos 40 pessoas morreram em combates entre tropas ucranianas e milícias no Aeroporto de Donetsk, na Ucrânia (Ivan Sekretarev/AP/VEJA)
46/61 Homem é observado por membros das forças de segurança durante um comício fora do edifício sindical ucraniano que pegou fogo ontem (2) em Odessa, na Ucrânia (Gleb Garanich/Reuters/VEJA)
47/61 Imagem do líder bolchevique Vladimir Lenin é vista em frente à barricada no centro de Slovyansk, na Ucrânia (AP/VEJA)
48/61 Forças Armadas da Ucrânia cercam posto de controle perto de cidade controlada por separatistas (Vasily Maximov/AFP/VEJA)
49/61 Observadores da OSCE detidos desde sexta-feira (25), participam de uma coletiva de imprensa do líder separatista pró-Rússia e auto-proclamado "prefeito do povo" na cidade ucraniana de Slavyansk (Vasily Maximoc/AFP/VEJA)
50/61 Na Geórgia, manifestantes realizam ato contra a cooperação do país com a Rússia e o envolvimento de Moscou na Ucrânia (Vano Shlamov/AFP/VEJA)
51/61 Forças armadas da Ucrânia planejam lançar Operação anti-terrorista contra os separatistas pró-Rússia elevando os riscos de um confronto militar com Moscou (Shamil Zhumatov/Reuters/VEJA)
52/61 Homem armado representando as forças especiais da Ucrânia monta guarda em frente a um prédio público ocupado anteriormente por manifestantes pró-Rússia (Olga Ivashchenko/Reuters/VEJA)
53/61 Trabalhadores limpam barricada construída por separatistas pró-Rússia em frente ao prédio administrativo de Carcóvia, na Ucrânia (Anatoliy Stepanov/AFP/VEJA)
54/61 Deputados se agridem no Parlamento ucraniano (YURIY KIRNICHNY / AFP/VEJA)
55/61 Observado por policiais ucranianos, homem mascarado balança bandeira russa diante de prédio da administração regional de Donetsk, no leste da Ucrânia (Alexander Ermochenko/AP/VEJA)
56/61 Ativistas pró-Rússia tomam prédio administrativo da cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia (Alexander Khudoteply/AFP/VEJA)
57/61 Ativistas pró-Rússia montam uma barricada em frente a um edifício das forças de segurança de Donetsk, leste da Ucrânia (AFP/VEJA)
58/61 Manifestantes pró-Rússia levantam barricada diante de prédio público na cidade de Kharkiv, leste da Ucrânia (Reuters/VEJA)
59/61 Ativistas pró-Moscou aplaudem durante votação improvisada no prédio do governo regional de Donetsk, no dia 7 de abril, quando o grupo declarou a criação de uma ‘república independente’ (Reuters/VEJA)
60/61 Homens que ocuparam o prédio principal da administração regional improvisam votação pela criação de uma ‘república popular’ em Donetsk, no leste da Ucrânia (Alexander Khudoteply/AFP/VEJA)
61/61 Grupos pró-Moscou entram em conflito com manifestantes favoráveis à manutenção da integridade territorial da Ucrânia em Kharkiv, no leste do país (Reuters/VEJA)
Pouco antes de a União Soviética se dissolver por completo, perguntei a Zbigniew Brzezinski, que foi conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos durante o mandato do presidente Jimmy Carter, o que o mundo deveria esperar da Rússia pós-URSS. Ele respondeu que a dissolução da União Soviética traria uma nova era de paz mundial, se – e apenas nessas condições – a Rússia se mantivesse dentro de seus limites geográficos.
Este é um caminho que evidentemente não interessa a Putin, que agora comanda a mais recente cruzada russa, depois da sua guerra com a Geórgia, em 2008, para resgatar parte de seu império perdido. A “história” que, segundo Francis Fukuyama, era para ter acabado com o colapso do comunismo, ganhou novo fôlego. No capitalismo autoritário de Putin – similar ao chinês – a democracia liberal, ao estilo ocidental, que deveria reinar triunfante, tem um novo rival.
Do ponto de vista de Putin, faz sentido a Rússia ter como foco a Ucrânia. A subordinação da Ucrânia é essencial para a tentativa de Putin de estabelecer a União Eurasiana, com a Rússia como líder, como uma alternativa à União Europeia. Além disso, os líderes russos sempre viram a Ucrânia como uma zona de segurança importante, também por ser uma rota para a exportação de energia, da qual depende a economia russa.
Esta não é a primeira vez que Putin preocupa-se com uma virada da Ucrânia para o Ocidente. Durante a Revolução Laranja do país, em 2004, Putin acreditava que a CIA estava por trás dos protestos generalizados que bloquearam a tentativa de Viktor Yanukovych de roubar as eleições presidenciais. Mas a escala dos protestos, junto com o apoio do Ocidente aos manifestantes, obrigou Putin a se abster de intervir diretamente. Em vez de iniciar uma campanha militar – explícita ou não – ele usou as exportações de energia e incentivos financeiros para manter o governo da Ucrânia sob controle.
Desta vez, Putin escolheu a intervenção militar – uma decisão que se mostrou devastadora para a Rússia. As sanções ocidentais impulsionaram a fuga de capitais em uma escala similar no país apenas àquela dos primeiros anos que seguiram a transição para o comunismo.
Além disso, a decisão do banco central de não defender o rublo, em forte queda, junto com a proibição de Putin à importação de alimentos do Ocidente, levará a um brusco declínio do padrão de vida e crescente sentimento de isolamento global. Como resultado, é provável que diminua o apoio ao presidente russo.
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O conflito no leste da Ucrânia lembra uma guerra de gangues, sem leis ou limites. E a União Europeia absteve-se por muito tempo de tomar uma ação decisiva que fosse comprometer os interesses econômicos de membros influentes como França, Alemanha e Reino Unido. Pouco antes de a União Europeia finalmente reforçar as suas sanções, em fins de julho, Marietje Schaake, uma deputada holandesa, observou que praticamente todas as nações europeias haviam “voluntariamente empoderado o Sr. Putin, permitindo que jogasse os países uns contra os outros”.
Assim, logo após a queda do voo MH17, o presidente americano Barack Obama, como explicou Geoff Dyer, estava “dividido entre uma estratégia de caminhar junto com a Europa e o clamor para uma resposta americana decisiva”.
Se a resposta do Ocidente para a crise na Ucrânia foi fraca e mal orientada, a reação das potências mundiais emergentes foi de cegueira deliberada. A China, por exemplo, apoiou efetivamente a anexação russa da Crimeia e a intervenção no leste ucraniano. Isso devia ter alarmado a Índia, dadas às reivindicações chinesas de grandes porções de territórios soberanos do país, mas ainda não há sinal de que alguém tenha notado.
Levando em consideração a história da Índia, isto não é nada chocante. Quando a União Soviética invadiu o Afeganistão em 1979, a Índia não expressou explicitamente sua desaprovação. De fato, a Índia repetidamente absteve-se das resoluções das Nações Unidas, que exigiam a retirada das forças soviéticas – resoluções que tiveram apoio total de outros países não alinhados.
No fim dos anos 1980, quando a União Soviética buscou uma saída segura e honrada do Afeganistão, a Índia já não tinha autoridade para ajudar. Quando os soviéticos se foram, o país já não podia ter um papel importante no futuro do Afeganistão.
Quando os alicerces da ordem mundial são ameaçados, as potências não devem assumir uma política de inércia e silêncio. De sua parte, potências emergentes como Índia, Brasil, África do Sul e Turquia devem, no mínimo, defender categórica e ruidosamente as regras fundamentais do sistema internacional que os permitiu crescer e prosperar. Caso contrário, quando os líderes mundiais finalmente acordarem e agirem, podem descobrir que esbarraram em mais uma catástrofe global.
Jaswant Singh é ex-ministro de Finanças, das Relações Exteriores e da Defesa da Índia e autor dos livros ‘Jinnah: Índia – Partilha – Independência’ e ‘Índia em Risco: Erros, Ideias Errôneas e Aventuras Mal Conduzidas na Política de Segurança’.