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‘O Paraguai está indissoluvelmente ligado ao Brasil’, diz chanceler

Ministro das Relações Exteriores paraguaio afirma ao site de VEJA que insistirá no diálogo com as autoridades brasileiras até que se chegue a um consenso

Por Carolina Freitas, de Assunção
28 jun 2012, 19h03

‘As relações diplomáticas não se fazem por simpatia ou ideologia’, José Félix Estigarribia

O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, José Félix Estigarribia, está confiante na reconciliação entre os governos brasileiro e paraguaio. A relação entre os dois países está estremecida desde que o Congresso determinou o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo, na semana passada. “O Paraguai está indissoluvelmente ligado ao Brasil. Quanto mais rápido nos entendermos, melhor”, afirmou o chanceler à reportagem do site de VEJA, em Assunção.

Diplomata experiente e amigo do chanceler brasileiro, Antonio Patriota, Estigarribia tem mantido conversas frequentes com representantes brasileiros. “Sigo trabalhando. Tenho uma grande admiração pela presidente Dilma Rousseff. Vou seguir conversando até que encontremos a solução”, disse Estigarribia a VEJA. Questionado se esperava outra reação do governo brasileiro diante da mudança no governo paraguaio, lançou mão da diplomacia em seu estado puro: “Eu não julgo ninguém, como não quero que julguem a mim.”

O Paraguai foi suspenso da Cúpula de Presidentes do Mercosul, que acontece nesta sexta-feira em Mendoza, na Argentina. Diplomatas paraguaios foram barrados até mesmo nas reuniões preparatórias da cúpula. Os presidentes dos países vizinhos vão analisar a situação no país e estudam aplicar sanções ao novo governo paraguaio, comandado agora por Federico Franco. A Presidência crê ser mais provável que sejam aplicadas sanções políticas, como a suspensão do Paraguai das reuniões do Mercosul, do que econômicas. Ainda que, nas palavras do chanceler Estigarribia, ambas sejam “injustas e ilegais”. “O Paraguai é e será membro do Mercosul até que, por decisão soberana, decidamos sair”, afirmou o chanceler.

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Questionado sobre o que o país perde ao ser barrado da Cúpula de Presidentes desta sexta-feira, o diplomata respondeu: “O problema não é o que perdemos. O problema é que temos o direito de participar. A independência do Paraguai custou muito a acontecer, todas nossas fronteiras internacionais foram fixadas após conflitos, foi um grande avanço nossa inserção na comunidade internacional. É isso que não queremos perder.”

A diplomacia paraguaia baseará sua defesa, caso haja sanções ao país, sobretudo na Carta das Nações Unidas, documento cunhado em 1945 e que serve de base para as relações diplomáticas pacíficas entre países. “As relações diplomáticas não se fazem por simpatia ou ideologia, mas de estado para estado”, afirmou Estigarribia a uma plateia de cerca de cem grandes empresários paraguaios que se reuniram na tarde desta quinta-feira para manifestar apoio ao novo governo.

Missão da OEA – A determinação do presidente Federico Franco é que se abram todos os documentos e registros sobre a troca de governo à missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que chega ao país neste domingo. Não haverá, por parte da administração federal, qualquer empecilho para que o grupo ouça também a versão de Fernando Lugo.

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Isso porque, na avaliação do alto comando paraguaio, faltou informação aos presidentes de países vizinhos no momento do impeachment de Fernando Lugo. Sem informação, eles seguiram a posição da presidente argentina Christina Kirchner, que tem feito críticas duras ao processo de deposição de Lugo e usa até mesmo a programação da TV pública para atacar o que chama de “golpe contra o presidente Lugo”.

O ponto mais sensível de todo o processo de mudança de governo foi o fato de o impeachment ter sido votado em menos de 30 horas pelo Congresso – situação permitida pela Constituição paraguaia, mas incomum nos países vizinhos. Integrantes do governo lembram em suas falas oficiais do impeachment sofrido pelo ex-presidente brasileiro Fernando Collor. Nesta quinta-feira mesmo o chanceler Estigarribia disse que, assim como aconteceu no Brasil com Itamar Franco, no Paraguai o vice, Federico Franco, assumiu imediatamente, o que não é, de forma alguma, um golpe.

A celeridade da votação do impeachment, que causa estranheza aos vizinhos, é uma ferramenta da qual o Congresso pode, sim, lançar mão. Um reforma constitucional em 2002 criou no Paraguai um poderoso sistema parlamentar, capaz de regular com rigor o trabalho do Executivo. Desde a mudança na lei, dois presidentes foram depostos pela ação dos parlamentares. No caso de Lugo, deputados e senadores temiam que, com um prazo maior, Lugo e seus aliados conseguissem negociar apoio no Legislativo para barrar o impeachment.

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