O diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, renovou apelos por um cessar-fogo na Faixa de Gaza nesta quarta-feira, 1º, em nome de funcionários da organização que atuam na região, em razão da grave crise humanitária.
“Fiquei chocado com o fato de que todos ali estavam pedindo comida, pedindo água. Nunca vi algo semelhante em Gaza desde quando cheguei, antes do conflito”, disse Lazzarini a repórteres em Rafah, cidade palestina ao sul de Gaza.
Durante a fala, o diretor também contou sobre a visita que fez a uma das escolas que abrigava palestinos refugiados que foram atingidos indiretamente, causando a morte de uma pessoa e dezenas de feridos.
Ele acrescentou que membros da UNRWA em Gaza detalharam a situação crítica no território sitiado, e apontou para a falta de combustível como um dos principais problemas.
“Sabemos que o combustível aqui em Gaza é absolutamente tudo porque sem combustível não temos gerador, não temos padarias e hospitais em funcionamento, e não podemos bombear água”, alertou.
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As declarações surgem um dia depois que o diretor do escritório em Nova York do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Craig Mokhiber, pediu demissão pelo que chamou de “genocídio” cometido por Israel na Faixa de Gaza.
“Mais uma vez estamos vendo um genocídio se desenrolando diante de nossos olhos e a organização que servimos parece impotente para detê-lo”, escreveu Mokhiber em uma carta endereçada ao alto comissário da ONU em Genebra, Volker Turk.
Ainda nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da União Europeia, Josep Borrell, manifestou que ficou “horrorizado” com o elevado número de vítimas do bombardeio israelense em um campo de refugiados na Faixa de Gaza na véspera e pediu que os dois lados do conflito respeitem as regras internacionais de guerra.
“Com base na posição clara do Conselho da União Europeia de que Israel tem o direito de se defender, em conformidade com o direito humanitário internacional, e de garantir a proteção de todos os civis, estou horrorizado com o elevado número de vítimas após o bombardeio por Israel do campo de refugiados de Jabalia”, disse Borrell em um comunicado na plataforma X, antigo Twitter.
“As leis da guerra e da humanidade devem ser sempre aplicadas, inclusive quando se trata de assistência humanitária”, completou Borrell.
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O ataque ao qual ele se refere aconteceu na última terça-feira, 31, em uma investida aérea israelense no campo de refugiados de Jabalia, na região norte do enclave, e teria matado pelo menos 50 e ferido outros 150 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Israel confirmou a autoria do disparo e afirmou que o ataque a Jabalia tinha como alvo um dos comandantes da brutal incursão terrorista do Hamas no território israelense em 7 de outubro, que em apenas um dia deixou 1.400 mortos e mais de 5 mil feridos.
Desde o início da guerra, mais de 8,7 mil palestinos, a maioria civis, morreram em consequência dos sucessivos bombardeios israelenses.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou apelos internacionais para uma “pausa humanitária” nos combates, com a alegação de que o Hamas tiraria vantagem de qualquer trégua.