Nova postura síria é recebida com ceticismo pelo Ocidente
Aceitação da proposta da ONU ajuda Assad a ganhar tempo e dividir oposição
Nesta terça-feira, a Síria concordou com o plano do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, para a resolução da crise no país. Contudo, a mudança de postura do regime de Bashar Assad foi recebida com ceticismo e preocupação pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha, que acreditam que o ditador tenta ganhar tempo e dividir seus opositores com o acordo.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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O plano de seis pontos de Annan procura colocar fim aos sangrentos confrontos entre as forças do governo e os grupos rebeldes sob supervisão das Nações Unidas, além de estabelecer a libertação dos detidos nos protestos contra o governo e o envio de ajuda humanitária ao país.
Segundo o secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, “a concordância de Assad no acordo pode representar um primeiro passo significante para o fim da violência no país, mas apenas se for levada a sério”. “Isso não aconteceu em compromissos anteriores firmados pelo regime sírio”, completou. Já o embaixador americano para assuntos da Síria, Robert Ford, afirmou que espera ver os “passos concretos dessa vez” e não apenas palavras.
Temor – De acordo com informações do jornal The Guardian, diplomatas da ONU receiam que o acordo sirva apenas para que o regime de Assad ganhe tempo e coloque os opositores na defensiva pois, se o cessar-fogo acontecer sem um processo político, Assad poderia continuar no poder.
De Istambul, Basma Kodmani, membro do Conselho Nacional Sírio, principal órgão da oposição do país, recebeu a notícia com precaução. “Uma transição pacífica significa que o regime precisa mudar. E isso começa com a retirada do líder do estado”, afirmou.
Na próxima segunda-feira, o grupo Amigos da Síria se reunirá em Istambul para uma conferência que vai discutir o futuro isolamento e pressão sobre Assad bem como a apoio à oposição do país, desde que unificada.