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Nos EUA, empresas encerram parcerias com fabricantes de armas

Ataque que matou 17 pessoas em uma escola criou comoção social, e empresas como as aéreas Delta e United decidiram desvincular-se das fabricantes de armas

Por Da redação
Atualizado em 24 fev 2018, 16h55 - Publicado em 24 fev 2018, 16h55

Apontados como um dos culpados pelo massacre com um fuzil que deixou 17 mortos em uma escola de Ensino Médio na Flórida, os fabricantes de armas americanos – já enfrentando uma difícil situação financeira – começam a sofrer a desconfiança das grandes empresas.

Pressionadas nas redes sociais, as empresas de aluguel de automóveis Hertz e Enterprise, as companhias de seguros Metlife e Chubb e a empresa de segurança em informática Symantec desfizeram as parcerias com a Associação Nacional de Rifles (na sigla em inglês, NRA) órgão que representa o poderoso lobby das armas nos Estados Unidos. As empresas de aviação Delta Airlines e United Airlines também anunciaram que se desvinculariam.

Na maioria dos casos, esses contratos de associação consistiam em dar vantagens aos membros da NRA que quisessem, por exemplo, alugar um carro, comprar uma passagem aérea, ou contratar um seguro específico.

“As reações dos clientes nos estimularam a rever nossas relações com a NRA”, explicou em sua conta no Twitter o First National Bank of Omaha, um dos maiores emissores de cartões de crédito dos Estados Unidos.

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Na sexta-feira, a hashtag #BoycottNRA foi um dos tópicos do momento no Twitter.

“Há muitas reações hostis” em relação à indústria das armas, comenta Jeff Pistole, um vendedor de armas do Arkansas (sul dos EUA), em conversa com a AFP.

“No início, (os fabricantes) diziam: ‘com Trump como presidente, não temos com o que nos preocupar'”, disse Pistole, referindo-se ao endurecimento da regulação sobre posse e porte de armas.

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Em sua campanha à Presidência, em 2016, Trump recebeu US$ 30 milhões da NRA e é um ferrenho defensor do direito constitucional ao porte de armas.

Segundo Pistole, a dinâmica mudou, porém, após o tiroteio em 14 de fevereiro último na escola de Parkland, na Flórida. A maioria dos 17 mortos era adolescente.

Tradicionalmente, depois de um tiroteio, a venda de armas aumentava nos Estados Unidos pelo temor de seus adeptos de uma restrição da regulação, conta o vendedor, acrescentando que, em um segundo momento, a demanda cai, já que as condenações políticas não são seguidas de medidas concretas.

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Desta vez, porém, alguns dos alunos sobreviventes da tragédia se tornaram, em pouquíssimos dias, figuras de um movimento nacional espontâneo que pede aos congressistas o endurecimento das leis sobre as armas pessoais.

Sob pressão, Trump pediu ao Departamento de Justiça que melhore as verificações dos antecedentes psiquiátricos e criminais dos compradores de armas de fogo e se declarou a favor do aumento da idade legal para compra de algumas armas para 21 anos. O agressor da Flórida tinha 19.

Setor em dificuldades

Em consequência, as ações dos fabricantes de armas sofreram um baque em Wall Street. Os títulos da Sturm Ruger perderam 4% de seu valor em Bolsa desde 14 de fevereiro; os da American Outdoor Brands (antiga Smith & Wesson), 5,8%; e os da Vista Outdoor Inc., 6,1%.

O fundo de investimento americano BlackRock, um dos grandes acionistas desses três fabricantes de armas (American Outdoor Brands, Sturm Ruger e Vista Outdoor), anunciou que discutirá o tiroteio da Flórida com essas empresas.

Essas pressões chegam em um mau momento para o setor, que atravessa um período difícil, marcado por cortes de empresas e pela redução da atividade nas fábricas.

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Com uma dívida colossal, a empresa fabricante de armas Remington Outdoor, de mais de 200 anos de existência, deve apresentar seu balanço nos próximos dias.

Já a Sturm Ruger demitiu, no ano passado, cerca de 700 funcionários (28% de seu quadro), seu volume de negócios caiu 22%, e os lucros, 40%, em função da redução do preços das armas.

A indústria também sofreu com o estoque de grandes quantidades feito pelos americanos antes de novembro de 2016, diante do temor de uma vitória de Hillary Clinton. Segundo especialistas, a democrata é favorável a leis mais restritivas sobre as armas.

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“O mercado tentou se adaptar à queda da demanda baixando os preços”, conclui o novo presidente da Vista Outdoor, Christopher Metz.

(Com AFP)

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