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Nos EUA, candidatos a vice discordam sobre Covid-19, racismo e aborto

Após debate caótico entre Trump e Biden na semana passada, Mike Pence e Kamala Harris protagonizaram discussão mais civilizada e encorpada

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 out 2020, 00h05 - Publicado em 8 out 2020, 00h00

Em um debate muito mais civilizado e informativo do que o testemunhado por milhões de americanos na semana passada, os candidatos à vice-presidente dos Estados Unidos travaram um embate corpulento em um debate televisionado nesta quarta-feira, 7. Entre trocas de acusações espinhosas, a democrata Kamala Harris criticou a resposta da atual administração à pandemia de coronavírus e o atual vice-presidente e companheiro de chapa de Donald Trump, Mike Pence, acusou Joe Biden de buscar aumentar os impostos.

Pence manteve um tom de voz contido e baixo durante o debate. Seu comportamento contrastou diretamente com o empregado por Trump na semana passada, em seu primeiro embate com Joe Biden, quando interrompeu o democrata e o moderador por diversas vezes.

Os temas propostos para discussão foram, além da pandemia de coronavírus, a Suprema Corte americana, a economia nacional, racismo e a transição democrática após a divulgação do resultado das eleições – temas espinhosos para Pence e a administração Trump.

Apesar do tom calmo e educado, os argumentos usados pelo vice-presidente foram muito parecidos com aqueles utilizados por Trump para a defesa de sua gestão. Pence tentou retratar Harris como uma política da extrema esquerda, que apoia o governo comunista da China e acredita em uma “agenda ambiental radical”.

Afirmou ainda que a chapa democrata pretende aumentar os impostos pagos pelas camadas mais pobres da população e pretende acabar com os combustíveis fósseis nos Estados Unidos. Kamala negou as acusações e afirmou que a proposta de sua chapa é aumentar os tributos apenas para os americanos que ganham mais de 40.000 dólares.

Nas poucas vezes em que foi interrompida por Pence, Harris adotou uma conduta dura e pediu repetidamente a palavra. “Eu estou falando, Sr. Vice-presidente”, disse em tom firme na primeira vez em que teve sua réplica cortada.

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Em um dos momentos mais acalorados da discussão, quando o tema do racismo e violência policial foi abordado, Harris, que é negra, pareceu emocionada. “Maus policiais prejudicam os bons policiais”, disse. Afirmou ainda que iria banir as prisões privadas, entre outras medidas para evitar a violência policial.

Mike Pence deu suas condolências à família dos afroamericanos assassinados pela polícia e disse que “não há desculpas pelo que aconteceu a George Floyd”. Logo depois, porém, disse que a onda de protestos recentes foi violenta, baderneira e destrutiva. Negou que haja racismo estrutural nos Estados Unidos e na polícia, chamando essa tese de “insultante”.

O vice-presidente ainda aproveitou o momento para criticar a atuação de Harris como promotora de Justiça do estado da Califórnia. Pence afirmou que a senadora não fez o suficiente para incentivar uma reforma na justiça criminal.

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“Não vou sentar aqui e ouvir uma palestra do vice-presidente sobre o que significa cumprir as leis de nosso país”, disse Harris. “O trabalho que fiz é modelo para o que o nosso país precisa fazer”, completou, defendendo sua reputação. Disse ainda que foi a primeira a exigir o uso de câmeras nos uniformes policiais e pedir reformas no sistema criminal da Califórnia.

Pandemia e recessão

O debate desta quarta ganhou mais relevância após a infecção do presidente Donald Trump pelo novo coronavírus. Por conta da pandemia, os candidatos ficaram separados por proteções de acrílico e a distância entre ambos foi aumentada para quase quatro metros.

A senadora pela Califórnia que concorre ao lado de Biden também usou seu tempo para acusar a Casa Branca de esconder informações sobre a gravidade da pandemia de coronavírus da população. “Eles sabiam [da gravidade] em 28 de janeiro, mas esconderam”, disse Harris. “E até hoje eles não têm um plano real para combater a pandemia”.

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“Nós vimos um padrão nesse governo: eles não acreditam em ciência”, disse Kamala Harris ainda.

O atual vice-presidente, por sua vez, defendeu a atuação de seu governo no combate ao vírus e negou que a Casa Branca tenha escondido qualquer informação do vírus da população americana. Pence ainda elogiou a conduta da administração Trump em barrar viajantes provenientes da China e disse que a Casa Branca conseguiu evitar dezenas de milhares de mortes a mais.

Ao ser questionada pela mediadora sobre tomar ou não uma vacina contra o vírus assim que ela for aprovada, Harris afirmou que “seria a primeira da fila” caso a comunidade médica aconselhasse a imunização. “Mas se Donald Trump me disser para tomar, eu não tomaria”, disse.

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O comentário despertou críticas de Pence, que acusou a senadora de desqualificar a ciência desenvolvida por diversos laboratórios e incentivar a desconfiança entre os americanos.

Kamala citou a perda de empregos e o agravamento da recessão no governo Trump. “Quase metade dos inquilinos americanos não sabem se vão conseguir pagar aluguel no fim do mês”, disse.

Ao ser questionado por Harris sobre a suposta fraude no pagamente de impostos de renda dos últimos 10 anos pelo atual presidente, Pence afirmou que as reportagens sobre o escândalo não são verdadeiras.

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Suprema Corte

A nomeação de Amy Coney Barrett para a Suprema Corte dos Estados Unidos por Donald Trump foi outro tema de discordância entre os dois candidatos. Pence defendeu a escolha da juíza e disse que uma chapa democrata encheria o tribunal de magistrados liberais. Também apoiou posições conservadoras de Barrett, que é católica e contrária à legalização do aborto.

Harris respondeu que os americanos teriam o direito de escolher quem sucederia a progressista Ruth Bader Ginsburg por meio das eleições presidenciais de novembro — e, portanto, a escolha deveria ser adiada para depois da votação. Defendeu ainda o “direito de escolha da mulher” e disse que há outros temas em jogo na Suprema Corte, como a questão do plano de saúde obrigatório.

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