Mubarak diz que autoridades querem matá-lo na prisão
Saúde de ex-ditador egípcio se deteriora após sentença de prisão perpétua
O ex-ditador egípcio Hosni Mubarak, de 84 anos, preso desde sua condenação à prisão perpétua em 2 de junho, acusou as autoridades do país de quererem matá-lo na prisão. Mubarak teria sofrido duas paradas cardíacas nesta segunda-feira e estaria em coma profundo, segundo a rede americana CNN.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, egípcios iniciaram, em janeiro, sua série de protestos exigindo a saída do então presidente Hosni Mubarak.
- • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em choques com as forças de segurança de Mubarak que foi condenado por premeditar essas mortes.
- • Após 18 dias de levante popular, em 11 de fevereiro, o ditador cedeu à pressão e renunciou ao cargo, deixando o Cairo; em seu lugar assumiu a Junta Militar, que segue no poder até o fim das eleições.
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“Ele disse: querem me matar. Salve-me, senhor Farid, encontre uma solução”, contou seu principal advogado, Farid el Dib, que o defendeu durante julgamento no qual respondia pela repressão da revolta contra seu regime no início de 2011, que deixou mais de 800 mortos.
Farid el Dib, que visitou o ex-ditador na prisão no sábado passado, acrescentou que o estado de saúde de Mubarak é muito crítico e que as condições da ala médica do presídio “são escandalosas”. “Seu coração parou duas vezes. Os médicos tiveram de recorrer a um desfibrilador”, indicou uma fonte médica da prisão de Tora, ao sul do Cairo. “Às vezes está consciente e outras, inconsciente, e nega-se a se alimentar”, acrescentou.
Transferência – Anteriormente, um funcionário do Ministério do Interior havia afirmado que o estado de saúde de Mubarak era “crítico, mas estável”. As autoridades egípcias estudavam a possibilidade de transferir o ex-presidente a um hospital da capital.
A saúde de Mubarak se deteriorou quando chegou ao estabelecimento carcerário, onde foi instalado em uma área sob controle médico. Fontes afirmam que ele sofre de depressão aguda, tem dificuldades respiratórias e hipertensão.
Sua família pediu a transferência para um hospital, mas as autoridades ainda não tomaram uma decisão e afirmaram que Mubarak seria “tratado como qualquer prisioneiro”. El-Dib afirmou que “consideraria o Ministério do Interior e o procurador-geral responsáveis se Mubarak falecesse na prisão” sem receber atendimento médico adequado. Mas as autoridades temem que uma eventual transferência a um hospital enfureça parte da população, quando o país atravessa um momento difícil.
(Com agência France-Presse)