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Moscou ordena envio de tropas para regiões separatistas na Ucrânia

Anúncio foi feito pouco após decisão de Vladimir Putin de reconhecer independência de Donetsk e Lohansk

Por Caio Saad Atualizado em 21 fev 2022, 20h01 - Publicado em 21 fev 2022, 19h04

Pouco após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar a decisão de reconhecer a independência de duas regiões separatistas pró-Moscou da Ucrânia, o Kremlin publicou nesta segunda-feira, 21, um decreto ordenando que o Ministério da Defesa envie tropas para “funções de manutenção da paz” nos territórios. 

Ainda não é claro o número de soldados, quando eles seriam enviados ou até mesmo se os militares russos ficarão apenas nas áreas controladas pelos separatistas ou se pretendem capturar o resto das duas regiões cujo território os rebeldes reivindicam. Apesar da reivindicação de território por parte dos rebeldes e o reconhecimento russo, a Ucrânia e a comunidade internacional entendem as repúblicas autoproclamadas como solo ucraniano, o que faz com que, na prática, a ação russa seja equivalente a uma invasão a território do país vizinho.

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De acordo com a agência de notícias RIA, o presidente instruiu as Forças Armadas a “garantirem a paz” nas regiões, sem dar mais detalhes. As autoproclamadas República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk são em boa parte controladas por separatistas pró-Moscou desde 2014 e palco de uma guerra que já deixou cerca de 15.000 mortos.

Na semana passada, em meio à tensão política, diplomática e militar, o governo ucraniano e grupos separatistas apoiados por Moscou já haviam se acusado mutualmente de violações ao regime de cessar-fogo em Donbas, onde ficam as duas províncias separatistas.

A decisão do reconhecimento feita nesta segunda-feira sepulta os Acordos de Minsk, negociados em 2015, sob mediação da Alemanha e França, para um cessar-fogo nas duas regiões, que teriam em troca autonomia administrativa.  Enquanto o governo ucraniano afirma que forças separatistas são “invasoras” e “ocupantes”, a Rússia sustenta que as forças são formas de defesa às agressões do governo ucraniano.

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Para a União Europeia, “o reconhecimento dos dois territórios separatistas na Ucrânia é uma violação flagrante do direito internacional, da integridade territorial da Ucrânia e dos acordos de Minsk”. O chefe de política externa do bloco prometeu sanções econômicas contra Moscou, assim como os Estados Unidos. 

Durante o pronunciamento em que anunciou o reconhecimento de independência, Putin afirmou que a Ucrânia é “parte integral” da história russa e que o que se conhece como “Ucrânia moderna” foi criada pela União Soviética, em um processo que diz ter sido um “erro”.

Ao citar a situação em Donbas, Putin acusou autoridades ucranianas de tentarem impedir o uso do idioma russo através de leis que privilegiam o uso do ucraniano, além de citar uma repressão à Igreja Ortodoxa russa. Ele também criticou a presença de militares estrangeiro no país vizinho, sobretudo da Otan, principal aliança militar ocidental.

Segundo Denis Pushilin, líder da região de Donetsk, o pedido de reconhecimento se deve à necessidade de adquirir o status de sujeito internacional para que as regiões sejam “capazes de neutralizar totalmente a agressão militar cometida por autoridades ucranianas e evitar vítimas entre a população civil e a destruição de infraestruturas”.

Sobre a possível adesão de Kiev à Otan, o presidente voltou a citar que seria uma ameaça direta à segurança russa. Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

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A aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos trinta aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

Para o Ocidente, o reconhecimento anunciada por Putin seria mais um pretexto para Moscou aumentar ainda mais o número de tropas ao longo da divisa com território ucraniano. Além disso, se encaixaria em um padrão empregado pelo governo russo para tentar fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia, ao culpar Kiev por ataques e esperar pedidos de ajuda de separatistas pró-Rússia.

A Rússia nega as acusações de estar montando um pretexto e diz ter retirado parte de suas tropas posicionadas perto da fronteira com o país vizinho. Países ocidentais, no entanto, afirmam que mais equipamentos e tropas estão chegando e montando preparações normalmente vistas nos dias finais antes de um ataque militar. De acordo com inteligência americana, há mais de 150.000 militares russos nas fronteiras.

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