O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, afirmou que a rejeição do acordo da primeira-ministra Theresa May pode levar à “paralisia” do Brexit e impedir que os britânicos deixem a União Europeia. O resultado poderia ser “extremamente danoso” para o relacionamento dos políticos com seus eleitores e também para a reputação global do Estado, alertou o chanceler, se referindo à votação do parlamento na próxima terça-feira, 15.
“Se nós, como classe política, não entregarmos o Brexit, isso seria uma grande quebra de confiança entre o povo e os políticos. Penso que poderia ser algo de que nos arrependeremos por muitas, muitas gerações”, disse Hunt durante um programa da BBC Radio 4, nesta sexta, 11.
Ele ainda disse que se os parlamentares não aceitarem os termos que May negociou com a União Europeia, podem dar início a um processo em que o Brexit nunca acontecerá. “Se este acordo for rejeitado, podemos não culminar em um tipo diferente de Brexit, mas sim em sua paralisia. E essa paralisia pode, por fim, levar a nenhuma saída.”
“Estou dizendo também que pode ser algo muito ruim para a reputação britânica no exterior, já que decidimos deixar a União Europeia, se no fim nas contas não formos capazes de fazê-lo por quaisquer razões encontradas”, completou Hunt.
O ministro insistiu que apenas um problema causa o impasse em torno do acordo de May: a questão entre as Irlandas e o chamado “backstop”, planejado para impedir a volta de uma política de fronteira hostil entre os países, que possuem um conflito histórico.
A medida garante certo controle da União Europeia sobre a Irlanda do Norte, membro do Reino Unido, e Hunt garante que a questão se resolveria se o bloco oferecesse garantias aos britânicos de que o backstop seria uma medida temporária. “Theresa May já disse que não quer apenas palavras. Ela quer algo com força jurídica.”
Governo Frustrado
Além disso, o político se juntou a outros membros do partido Conservador nas críticas contra o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, por permitir que parlamentares aprovassem a emenda de Dominic Grieve sobre o Brexit, que investe mais liberdade para alterações feitas por deputados, pressionando a primeira-ministra.
Segundo ele, Bercow está “disposto a frustrar o governo em toda oportunidade”. A fala do chanceler veio depois de sua colega de gabinete Amber Rudd dizer estar comprometida em assegurar que o Reino Unido não deixe a União Europeia sem um acordo.
A ministra do Trabalho e Previdência se recusou três vezes a responder se continuaria como membro do governo no caso de um Brexit sem termos aprovados.
As declarações precedem o terceiro dia de debates dos parlamentares na Câmara antes da votação do tratado. O Ministro do Interior, Sajid Javid, abrirá a sessão do dia, que deve ser dominada pela questão migratória.