Berlim, 17 fev (EFE).- A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou nesta sexta-feira que busca um candidato de consenso com a oposição após a renúncia do presidente do país, Christian Wulff, envolvido num escândalo de corrupção.
A solicitação feita pela promotoria de Hannover ao Parlamento federal (Bundestag) para suspender a imunidade de Wulff para que ele possa ser investigado foi o golpe final para sua renúncia. O presidente é acusado de corrupção e tráfico de influência.
Agora, a Alemanha precisa de um presidente que conte com o apoio ‘de uma grande maioria’ da população, afirmou o ex-presidente numa aparição pública ao lado de sua mulher.
Wulff disse que as investigações mostrarão que ele é inocente. O político admitiu ter cometido erros, mas disse que foi um presidente e um chefe do estado da Baixa Saxônia honrado.
O ex-presidente rejeitou as acusações publicadas nos dois últimos meses contra ele na imprensa alemã e afirmou que as notícias ‘feriram minha mulher e a mim’.
Por sua parte, Merkel disse que recebeu a notícia com ‘respeito e pesar’, e salientou que o presidente demissionário e sua esposa representaram ‘com dignidade’ a Alemanha durante os quase 600 dias em que permaneceu no cargo.
Além disso, adiantou que dialogará com a oposição para propor ‘um candidato comum para’ substituí-lo. Segundo a Constituição, isso deverá ser feito em assembleia no Parlamento num prazo máximo de 30 dias.
Merkel valorizou o comportamento da Promotoria de Hannover e ressaltou que ‘um dos pontos fortes de nosso estado de direito é que todos são tratados igualmente, sem importar o cargo que ocupam’.
Os sociais-democratas e o Partido Verde celebraram a renúncia de Wulff, que deveria ter ocorrido faz tempo, assim como a disposição de Merkel para negociar um candidato conjunto, segundo opinaram fontes da oposição.
A líder parlamentar verde Claudia Roth enumerou as exigências da oposição ao comentar que ‘a candidata ou candidato deve devolver ao cargo o que ele perdeu ultimamente: credibilidade, fidelidade à verdade e respeito’.
O presidente dos sociais-democratas, Sigmar Gabriel, afirmou que sua formação esta pronta para um ‘novo começo, que oferecíamos há meses, o que será possível com a renúncia de Wulff’.
Até a escolha de um novo presidente da Alemanha o posto será ocupado pelo presidente do Bundesrat, a Câmara alta ou dos Länder, que atualmente é exercido pelo chefe de governo da Baviera, Horst Seehofer.
As últimas acusações contra Wulff têm sua origem, da mesma forma que as anteriores, na época em que ele governava o estado da Baixa Saxônia e envolvem suas relações com o produtor cinematográfico David Groenewold, que também está sendo investigado.
Groenewold e Wulff desfrutaram juntos em 2007 de férias na ilha alemã de Sylt bancadas pelo produtor, embora o ex-presidente tenha dito que pagou seus gastos ao empresário.
As férias ocorreram um ano depois do governo da Baixa Saxônia, presidido por Wulff, aprovar a concessão de quatro milhões de euro a uma empresa de Groenewoldm, embora o financiamento não tenha ocorrido efetivamente.
A crescente polêmica por supostos casos de favorecimento explodiu em 13 de dezembro, quando o popular jornal ‘Bild’ publicou que Wulff aceitou um empréstimo de 500 mil euros em condições bastante vantajosas de empresários para comprar uma casa. EFE
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