A oficialização nesta terça-feira, em Brasília, da Venezuela como membro pleno do Mercosul provocou protestos. O candidato da oposição à presidência venezuelana, Henrique Capriles Radonski, afirmou que o ingresso não se traduz “em emprego para os venezuelanos”. Além disso, governo paraguaio classificou como “ilegal” e “absolutamente nula” a entrada. O Paraguai foi suspenso temporariamente do Mercosul em punição pela “ruptura democrática” que, de acordo com Brasil, Argentina e Uruguai, aconteceu com a destituição por parte do Parlamento do país do presidente Fernando Lugo.
Capriles contudo acredita que o Mercosul “pode ser uma grande oportunidade” quando a Venezuela mudar seu modelo econômico dependente do petróleo. Se vencer nas eleições de 7 de outubro, o opositor promete desenvolver outros setores, entre eles o agroindustrial. “O governo vai e compra (os alimentos) em outro país, mas para nós é importante que se produza na Venezuela porque são empregos venezuelanos”, acrescentou.
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A Venezuela, cuja economia depende das exportações de petróleo, tem 30 milhões de hectares cultiváveis, mas importa até 70% dos alimentos que consome. “Hoje somos um país que importa praticamente tudo, o que significa que aqueles que se beneficiam com a incorporação da nossa Venezuela a outros mercados são trabalhadores de outros países, não são os venezuelanos”, acrescentou Capriles. O ditador Hugo Chávez disse que a entrada do país no bloco vai acelerar “mudança geopolítica” da região.
Paraguai – A chancelaria disse em comunicado que o “Paraguai sustenta e sustentará em todas as instâncias” que a incorporação da Venezuela no Mercosul “é um atropelo inaceitável a toda a institucionalidade e à legislação expressa e vigente no bloco”. O Congresso paraguaio bloqueava o ingresso da Venezuela desde 2006, quando havia sido aprovada sua entrada. O presidente do país, Federico Franco, afirmou que o problema do bloco não é o Paraguai e sim a Venezuela.
O comunicado da chancelaria enfatiza que a entrada da Venezuela “sem a presença e a aprovação” do Paraguai é “uma grosseira violação ao Tratado” de constituição do bloco, assim como a suas disposições legais vigentes. Esse processo, insistiu a Chancelaria, “é particularmente violador do Protocolo de Adesão da Venezuela, de 4 de julho de 2006”, que exige a ratificação de todos os países signatários. “Por conseguinte, até que a República do Paraguai, como membro fundador do Mercosul, não faça a ratificação correspondente, a entrada da Venezuela realizada sem esse requisito é nula, de nulidade absoluta”, criticou.
(Com agências EFE e France-Presse)