Chávez: Venezuela no Mercosul acelera ‘mudança geopolítica’
Reunião em Brasília tornou efetiva a incorporação da Venezuela ao bloco econômico. Dilma pediu normalidade da "situação institucional" no Paraguai
Sem decisões relevantes, a reunião extraordinária de cúpula do Mercosul, realizado em Brasília nesta terça-feira, serviu apenas para formalizar o ingresso da Venezuela no bloco. O proto-ditador venezuelano, Hugo Chávez, celebrou a sua primeira participação como membro em uma reunião de cúpula do grupo. À imprensa, ele fez um discurso longo, recheado de elogios a si próprio, e comemorou a obtenção de dividendos políticos com o a entrada da Venezuela no Mercosul.
“Para nosso projeto nacional de desenvolvimento, nada mais oportuno do que esse evento de hoje”, disse Chávez. Segundo ele, a decisão tomada pelo Mercosul é um marco histórico: “Entramos em um novo período de aceleração da história que estamos vivendo, a aceleração da geografia, a aceleração da mudança geopolítica”.
Hugo Chávez disse que a entrada da Venezuela no Mercosul é consequência da eleição de governos de esquerda que, na última década, assumiram o poder no Brasil, na Argentina e no Uruguai. Segundo Chávez, que não vê problemas em ocupar o posto pelo 14º ano consecutivo de mandato, a guinada começou em 2002: “Quando o povo brasileiro elegeu Lula, tudo começou a mudar”.
O proto-ditador também ironizou os críticos da entrada do país no Mercosul e fez menção à extinta Área de Livre Comércio das Américas (Alca): “Os mesmos que aplaudiam a Alca criticam o ingresso da Venezuela do Mercosul”.
Com a entrada da Venezuela, o bloco passa a ter um Produto Interno Bruto (PIB) de 3 trilhões de dólares e uma população de 270 milhões de pessoas.
A Venezuela foi admitida no Mercosul em junho, em decisão tomada por Brasil, Argentina e Uruguai. O único obstáculo à presença do país no bloco era o Senado do Paraguai. Mas os paraguaios foram suspensos do grupo porque o Mercosul considerou antidemocrático o impeachment do presidente Fernando Lugo – embora tenha fechado os olhos para as agressões de Chávez à democracia.
Os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Mujica, também participaram do encontro desta terça-feira, no Palácio do Planalto.
Dilma – A presidente Dilma Rousseff também celebrou o ingresso da Venezuela ao mesmo tempo em que mandou um recado ao Paraguai: “Nossa perspectiva é de que o Paraguai normalize sua situação institucional interna para que possa reaver seus direitos plenos no Mercosul”, disse ela.
De acordo com Dilma, os projetos econômicos financiados pelo Mercosul no Paraguai serão mantidos: “Não somos favoráveis a retaliações econômicas que possam causar prejuízo ao povo paraguaio”, afirmou,