Meio bilhão de dólares: a crise financeira de Trump por reveses jurídicos
Ex-presidente tem até o final de março para pagar indenização e multas referentes a condenações por fraude e difamação
O ex-presidente americano Donald Trump chegou ao poder, em 2016, tendo construído a imagem de um gestor econômico bem-sucedido e homem de negócios implacável. Na corrida pela Casa Branca deste ano, porém, o republicano não está mergulhado apenas em batalhas jurídicas, mas também numa crise financeira gerada por suas já emitidas condenações em tribunais. Ele tem até o final de março para pagar cerca de meio bilhão de dólares (quase 2,5 bilhões de reais), para cobrir duas sentenças separadas.
Os prazos para o pagamento estão distribuídos nas próximas três semanas – e podem gerar grandes dívidas para o provável candidato à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano.
Além do possível endividamento com um banco, doador ou alguma outra fonte de capital, Trump ainda terá que arcar com os custos advocatícios e dos julgamentos criminais que está enfrentando.
Sentença por difamação
Em seu primeiro prazo, Trump tem até segunda-feira, 11 de março, para transferir 83,3 milhões de dólares (414,6 milhões de reais) à escritora E. Jean Carroll, valor de indenização estipulado pelo julgamento que concluiu que o ex-presidente a difamou quando negou suas alegações de estupro contra ele.
O republicano alegou que o valor a ser pago é excessivo e deveria ser reduzido pelo juiz Lewis Kaplan ou por um tribunal federal de apelações. Ele tentou negociar o pagamento da dívida para até trinta dias depois da decisão de Kaplan, mas o pedido não foi acatado.
Após a tentativa frustrada de reduzir o valor da indenização, Trump disse que precisaria arrecadar 91,63 milhões de dólares (456 milhões de reais), montante que inclui a fiança de 110% do julgamento exigida pelo tribunal distrital. Ele transferiu o valor ao tribunal nesta sexta-feira, 8.
Sentença por fraude civil
O segundo prazo é segunda-feira, 25 de março, quando Trump deverá pagar um valor de 454 milhões de dólares (2,26 bilhões de reais) ao estado de Nova York após ter sido condenado por fraude civil pela procuradora-geral do estado.
O empresário propôs um valor menor, de 100 milhões de dólares (497,8 milhões de reais), e recorreu a um pedido de emergência para suspender ou pausar o prazo, mas o pedido foi negado por um juiz do tribunal de apelações. A moção para adiar a transferência até que Trump apele do veredicto está nas mãos de um painel de juízes, que devem chegar a uma decisão até o final de março.
Enquanto o montante não é pago, porém, os juros da fiança estão acumulando a uma taxa de cerca de 115 mil dólares (572,5 mil reais) por dia desde o final do julgamento.
Também em 25 de março, começa o primeiro julgamento criminal contra Trump (os dois anteriores foram na esfera civil). Ele é acusado de tentar encobrir pagamentos secretos à ex-atriz pornô Stormy Daniels, com quem teria tido um caso extraconjugal, para impedir que o escândalo viesse à tona enquanto ele concorria à Presidência pela primeira vez, em 2016. Trump se declarou inocente em todos os casos.