Manifestantes enfrentam polícia perto do palácio de Mursi
Presidente islamista é acusado de trair ideal da revolução que o levou ao poder. Protestos de rua já duram mais de uma semana; dezenas de pessoas morreram
Por Da Redação
1 fev 2013, 15h58
Milhares de pessoas saíram às ruas do Egito, em diversas províncias do país, para protestar contra o presidente Mohamed Mursi e a Irmandade Muçulmana. A manifestação desta sexta-feira foi convocada por dezesseis partidos políticos e movimentos revolucionários. No Cairo, os protestos partiram em direção à Praça Tahrir e ao Palácio Presidencial de Itihadiya, no bairro de Heliópolis, onde manifestantes atearam fogo e enfrentaram policiais. Um manifestante de 23 anos foi morto a tiros durante os conflitos na capital.
As forças de segurança egípcias utilizaram gás lacrimogêneo e canhões lança-água para tentar conter os manifestantes, que lançavam coquetéis molotov e pedras nas imediações do palácio presidencial. Mohamed Mursi é acusado de trair os ideais da revolução que lhe permitiu chegar ao poder. Seus defensores dizem que os manifestantes tentam usar o poder das ruas para derrubar o primeiro presidente democraticamente eleito do país.
Os manifestantes, em sua maioria jovens, saíram da mesquita de Al Nour, no distrito de Abassiya, em direção ao Palácio Presidencial, levando cartazes que pediam a queda do presidente Mursi, que militou na Irmandade Muçulmana até assumir o poder em junho do ano passado. “Está claro que o presidente não é quem governa o Egito, mas a Irmandade Muçulmana”, criticou Issam Arafa, um dos participantes da marcha.
Perto do local do protesto havia membros da organização ‘Black Block’, envolvida nos distúrbios da última semana e que foi declarada grupo terrorista pelas autoridades do país. Vestidos com capuzes e roupas negras, vários integrantes do grupo, entre eles algumas mulheres, tentaram interromper o tráfego em Abassiya.
No Palácio Presidencial, soldados da Segurança Central e do Exército esperavam com tanques os manifestantes. Enquanto isso, na Praça Tahrir, no centro da capital, várias passeatas que vieram das mesquitas de Sayida Zeinab, no bairro de mesmo nome, e de Mustafa Mahmoud, em Mohandesin, assim como da praça de Giza, se reuniram para protestar contra o governo.
A praça e suas imediações foram o principal foco dos enfrentamentos entre manifestantes e forças de segurança que explodiram na sexta-feira passada durante a comemoração do segundo aniversário do início da revolução que derrubou o regime de Hosni Mubarak. Na última semana, distúrbios em várias províncias do país causaram mais de 60 mortes e deixaram mais de 1.000 feridos.
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Port Said – Uma das maiores manifestações ocorreu nesta sexta na província de Port Said, próximo ao Canal de Suez, onde foi lembrado o aniversário da morte de 74 pessoas após um jogo de futebol. Os habitantes da cidade saíram às ruas após a oração muçulmana do meio-dia na mesquita de Maryam, gritando: “com nossa alma e nosso sangue, te defenderemos, Port Said”. A passeata foi até o prédio do governo provincial.
No sábado passado, em Port Said, ocorreram enfrentamentos entre a polícia e manifestantes, após ser divulgado que um tribunal do país recomendou pena de morte para 21 acusados pela tragédia no estádio. Na quinta, as forças políticas deram os primeiros passos em direção a um diálogo nacional para resolver a crise, em um encontro organizado pela tradicional instituição sunita Al Azhar, no qual todas as partes condenaram os recentes distúrbios.
Nas últimas horas, líderes da oposição pediram para que os protestos desta sexta-feira sejam feitos de forma pacífica. Em uma mensagem publicada no Twitter, o Prêmio Nobel da Paz Mohamed El-Baradei, um dos líderes da Frente de Salvação Nacional, principal aliança opositora não islamita, pediu calma e lembrou o acordo alcançado na quinta-feira entre as distintas partes para rejeitar a violência.
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