Diferentes facções egípcias se reúnem e pedem diálogo
Membros do partido governista Irmandade Muçulmana e da coalizão opositora Frente de Salvação Nacional participaram de raro encontro para debater crise
Uma rara reunião entre representantes de diferentes facções políticas do Egito foi realizada nesta quinta-feira, com o objetivo de buscar um fim para a crise política no país. Desde a última quinta-feira, as divisões no país voltaram a se aprofundar, com vários protestos de ruas, que deixaram mais de 50 mortos. O encontro desta quinta reuniu membros da Irmandade Muçulmana, à qual pertence o presidente Mohamed Mursi, e da Frente de Salvação Nacional, principal coalizão dos opositores. Na terça-feira, o chefe do Exército egípcio advertiu que o estado entraria em colapso se críticos e aliados de Mursi não encerrassem os confrontos no país.
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“Saímos da reunião com certo otimismo”, disse o político liberal Mohamed El-Baradei a jornalistas. No encontro convocado pelo xeque Ahmed al Tayyeb, chefe da mesquita e da universidade Al Azhar, foi assinado um documento segundo o qual ambos os lados renunciam aos conflitos. “Cada um de nós fará o possível, com boa vontade, para construir novamente a confiança entre as facções na nação egípcia”, acrescentou El-Baradei. Os participantes também teriam concordado em estabelecer um comitê reunindo partidos rivais para abrir caminho para um diálogo mais amplo. No início desta semana, a oposição rejeitou um chamado de Mursi a um diálogo nacional, por considerar a tentativa “sem sentido”.
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A nova onda de protestos começou na sexta-feira passada, quando a oposição convocou uma manifestação para marcar o segundo aniversário da revolta popular que levou à derrubada do ditador Hosni Mubarak. Os confrontos entre os manifestantes e as forças do governo se intensificaram no último sábado, após a condenação à pena de morte de 21 torcedores envolvidos em um massacre após um jogo de futebol. Em fevereiro de 2012, 74 pessoas morreram e 254 ficaram feridas nos enfrentamentos entre torcedores do clube local, Al Masry, e do Al Ahly, do Cairo, o mais popular do país, que tiveram papel destacado na revolta que derrubou Mubarak.
Com a escalada das tensões, Mursi declarou estado de emergência com toque de recolher em três cidades ao longo do canal de Suez: Port Said, Ismailia e Suez. Mas os opositores ao governo ignoraram a determinação e foram às ruas protestar.
(Com agência Reuters)