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Mais um juiz renuncia ao julgamento do Khmer Vermelho

Laurent Kasper-Ansermet é segundo a alegar interferência do atual governo

Por Da Redação
19 mar 2012, 12h24

O juiz suíço Laurent Kasper-Ansermet, responsável pelo julgamento de altos dirigentes do regime de Pol Pot, no Camboja, renunciou a seu posto no tribunal apoiado pela ONU devido à interferência do governo, que tentaria bloquear novos julgamentos de pessoas que podem ter envolvimento com as atrocidades do Khmer Vermelho. Na sexta-feira passada, ele já se mostrava incomodado com a forma como o julgamento estava sendo retomado. Apesar da oposição do governo atual de Phnom Penh, Kasper-Ansermet queria que o tribunal julgasse outros casos.

No início de março, o tribunal condenou à prisão perpétua Duch, o chefe do centro de execução e tortura S21. O processo foi iniciado para julgar mais três altos dirigentes ainda vivos do regime genocida: Nuon Chea, que era o “Irmão Número 2” no regime ultra-maoísta, o ex-presidente Khieu Samphan, o ex-chanceler Ieng Sary, e a mulher dele, Ieng Thirith, que era a ministra dos Assuntos Sociais. Eles enfrentam várias acusações, incluindo crimes de guerra e crimes contra a humanidade, entre outras. Cerca de 1,7 milhão de cambojanos – um quarto da população – foram mortos entre 1975 e 1979, muitos deles torturados e executados.

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Testemunha – Nesta segunda-feira, Duch declarou no tribunal internacional que o grupo dirigido por Pol Pot lhe ordenou torturar e executar. “Essa era a política do partido, considerar que os que entravam na região eram espiões, e me ordenaram que torturasse essas pessoas”, manifestou, em referência aos anos de luta na selva antes da chegada ao poder. Duch, que participa como testemunha de acusação contra seus antigos chefes, afirmou que a política do Khmer Vermelho incluía “explicitamente” as torturas e execuções. O antigo membro do Khmer Vermelho disse que o comitê central do partido redigiu vários documentos que detalhavam a política de repressão a seguir nos centros de detenção.

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Duch dirigiu o centro M13 antes da queda de Phnom Penh e depois, quando Pol Pot chegou ao poder, a prisão de Tuol Sleng ou S21 na capital, por onde passaram entre 14 e 16.000 pessoas acusadas de traição. A testemunha, que cumpre cadeia perpétua por seus crimes, detalhou que no M13 batiam nos prisioneiros e usavam técnicas de tortura como descargas elétricas, o “submarino” e as bolsas de plástico para asfixiar os detidos. Duch disse que utilizaram as mesmas práticas na prisão S21, onde contou com parte de sua equipe do M13.

Réu – Durante a sessão matinal, Nuon Chea defendeu como “justo” o esvaziamento das cidades que foi ordenado para colocar em prática sua utopia socialista rural. “Acho que deveria ter a ocasião de explicar que a retirada da população de Phnom Penh foi justa e necessária, de acordo com o direito internacional”, afirmou o alto comando do regime. No entanto, Nuon Chea se negou a responder às perguntas dos juízes até que o tribunal aceite as testemunhas que sua equipe legal propõe, que incluem oficiais militares americanos e personagens chave da política cambojana.

O julgamento do genocídio cambojano começou com Duch no banco dos réus e atualmente Nuon Chea, Khieu Samphan e Ieng Sary são julgados pelas deportações maciças das cidades ao campo, especialmente a retirada de 2 milhões de habitantes de Phnom Penh, que causou entre 2 e 3.000 mortos. Ieng Thirit, de 79 anos e mulher de Sary, também é acusada neste processo, mas foi inabilitada para continuar o julgamento por seu estado de saúde.

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