O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou na noite desta segunda-feira que a chamada Revolução Bolivariana está em um momento de “emergência” e pediu que um plano “antigolpe” seja ativado para garantir a vitória eleitoral do chavismo nas eleições parlamentares. Maduro discursou próximo do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), onde esteve para assinar um acordo se comprometendo a aceitar os resultados do pleito. “Esta Revolução não será traída, nem entregue, jamais”, acrescentou o presidente, acompanhado dos candidatos do chavismo para a Assembleia Nacional diante de centenas de simpatizantes.
De acordo com Maduro, o seu plano “antigolpe” é necessário porque “a oposição não reconhecerá os resultados das eleições e tentará promover a violência”. Ele não deu nenhum detalhe de como funcionaria o seu plano e quem se preocupa com a lisura do processo eleitoral é a oposição, que lidera as pesquisas de intenção de votos, mas teme ser sabotada por fraudes e coerções. “Nós sabemos de antemão que eles [os opositores] não vão reconhecer o resultado das eleições, que não estão fazendo campanha eleitoral, que estão buscando apoio internacional para tentar causar prejuízo à Venezuela”, disse o presidente venezuelano.
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“Digam a sua irmã, a seu primo, a seu amigo, a seu tio, a seus filhos, a seus netos, que é preciso ganhar de qualquer jeito as eleições de 6 de dezembro, com ou sem guerra econômica, com crimes paramilitares ou sem”, pediu o presidente a seus simpatizantes. A aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) reiterou em nota divulgada nesta terça-feira que se recusa em assinar o acordo proposto por Maduro para reconhecer os resultados e pede que as eleições sejam acompanhadas de observadores internacionais isentos. “Que acordo é esse relativo aos resultados que será assinado por alguém que já disse que vai ganhar ‘de qualquer jeito?”, comentou o secretário-executivo da coalizão opositora, Jesús Torrealba.
Jobim vetado – Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro informou que não vai mais participar da missão especial da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) para observação das eleições legislativas na Venezuela, em 6 dezembro. Segundo nota oficial do TSE, a demora venezuelana em aprovar a versão do acordo estabelecido com a Unasul inviabiliza, a menos de dois meses do pleito, “uma observação adequada”. O indicado do país para chefiar a missão, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, da Defesa e da Justiça Nelson Jobim, foi vetado pela Venezuela, segundo a nota.
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(Da redação)