O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, manifestou nesta sexta-feira o seu apoio “à luta do povo brasileiro para restabelecer um governo democrático”. No discurso, Maduro questionou a posição da Organização dos Estados Americanos (OEA) a respeito da crise no Brasil. A pergunta foi uma provocação à organização que, recentemente, condenou a “alteração da ordem democrática” venezuelana — o que levou Maduro a se retirar da OEA.
“Em nome da revolução bolivariana do povo democrático, patriótico e revolucionário da Venezuela, envio uma palavra de apoio e de incentivo ao povo brasileiro em sua luta para restabelecer um governo democrático decente, patriótico, para o Brasil”, disse Maduro em cadeia de rádio e televisão durante um evento no Palácio de Miraflores.
Em referência a grave crise política provocada pelas denúncias de corrupção divulgadas esta semana contra o presidente Michel Temer, Maduro pediu que todos vejam “o que está acontecendo no Brasil” onde, segundo ele, há um “governo golpista”, “uma máfia corrupta, muito corrupta e aliada” da direita venezuelana.
No começo do mês, o governo da Venezuela denunciou à ONU a corrupção no governo de Michel Temer. O discurso, entre os mais de cem países que tomaram a palavra, foi o mais duro e refletiu a crise diplomática que existe entre Caracas e Brasília nos últimos meses. Nicolás Maduro tem sido criticado pelo Itamaraty e por outros governos da latino-americanos por sua violência contra a oposição, especialmente nos protestos contra o governo. O Brasil também tem feito alertas sobre as ameaças para a democracia diante das medidas adotadas por Caracas.
A Venezuela vive um estado de exceção, que restringe as garantias constitucionais, que começou em janeiro de 2016. Nas últimas sete semanas, 46 pessoas foram mortas e mais de 13.000 feridas pela violenta repressão de Maduro à população que, desde o início de abril têm ido às ruas diariamente para exigir eleições, a libertação de ativistas presos, ajuda humanitária estrangeira para amenizar a crise econômica e autonomia para o Legislativo controlado pela oposição.
(com EFE)