Macron pode perder maioria na Câmara da França, apontam pesquisas
Possível redução de parlamentares governistas nas próximas eleições legislativas seria obstáculo para planos do segundo mandato do presidente francês
O presidente Emmanuel Macron pode perder a maioria absoluta na Assembleia Nacional da França. A menos de duas semanas para o primeiro turno das eleições legislativas, duas pesquisas apontaram um cenário desconfortável para a implementação de reformas previstas para o segundo mandato do chefe do Poder Executivo.
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Uma pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública (IFOP), publicada na terça-feira 31, projetou que candidatos governistas devem conquistar de 275 a 310 cadeiras na Assembleia (são 577 no total). Enquanto isso, uma pesquisa do instituto Elabe, publicada nesta quarta-feira, 1, estimou 275 a 315 assentos para o presidente, o que representaria 27% dos votos no Parlamento francês.
Essas foram as primeiras pesquisas a prever que o chefe de Estado reeleito em abril – cujos parlamentares até agora controlavam a Assembleia Nacional por uma margem confortável – poderia ficar aquém dos 289 assentos necessários para uma maioria absoluta.
A votação do primeiro turno das eleições legislativas está prevista para 12 de junho, com segundo turno uma semana depois. O futuro pleito é especialmente acirrado, com um segundo turno possível em todos os 577 distritos eleitorais se nenhum candidato obtiver 50% dos votos.
Caso o cenário se concretize, algo incomum na história da França, a perda da maioria na Câmara seria um grande revés para Macron e poderia complicar sua capacidade de aprovar leis. Seu plano impopular de aumentar a idade de aposentadoria seria especialmente afetado.
Uma alternativa para tentar amenizar a perda de influência do chefe de Estado no Legislativo seria ampliar ainda mais sua aliança, convertendo mais políticos conservadores.
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A equipe do presidente não comentou sobre esse possível cenário e insiste que tem como alvo a maioria. Em linha com outras pesquisas de opinião recentes, o IFOP e o Elabe projetam que uma nova aliança de esquerda sob a liderança do líder de extrema esquerda Jean-Luc Melenchon deve ser o segundo maior grupo parlamentar, conquistando entre 170 e 205 assentos, logo atrás dos governistas.