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Macron completa um ano no poder desafiado por greves

Na agenda externa, líder francês quer imprimir imagem de conciliador, se aproxima dos EUA e defende reformas na União Europeia

Por Leticia Fuentes 7 Maio 2018, 18h18

O ex-banqueiro que apresentou-se como candidato à presidência da França sem bagagem política e um forte discurso centro, Emmanuel Macron completa nesta segunda-feira (7) um ano de governo desafiado por dez greves e por uma taxa de popularidade em queda.

Em seus doze meses no cargo máximo da República, divide opiniões. Por um lado, com seu discurso “de centro”, conquistou os cidadãos franceses desiludidos com a política tradicional e tornou-se símbolo de mudança. Por outro, levou milhares às ruas contra suas reformas – especialmente contra as novas leis trabalhistas, adotadas em setembro de 2017, que oferecem maior flexibilidade às empresas na contratação de trabalhadores.

 

Macron pende para a direita em sua agenda econômica. Volta-se para esquerda em questões de direitos humanos. E tenta imprimir uma imagem de líder conciliador em sua agenda de Política Externa. Sua posição centrista é questionada de um canto a outro do leque político francês. A imprensa francesa o chama de “Jupiter”, o deus supremo da mitologia romana, em referência ao extraordinário uso da maioria parlamentar para impor sua agenda reformista.

“Pus o país pra funcionar de novo”, afirmou, em entrevista para os veteranos jornalistas Jean-Jacques Bourdin, da RMC-BFM, e Edwin Plenel, da Mediapart, no último domingo (6). Ambos os jornalistas se esquivaram de chamá-lo de “senhor presidente”, conforme notou o jornal americano The New York Times.

No último sábado (5), milhares de cidadãos franceses saíram às ruas de Paris para protestar  contra o governo de Macron. Batizado de “A Festa de Macron”, tratou-se de uma comemoração irônica ao primeiro ano do francês no poder,  organizado principalmente por grupos da extrema esquerda, que acusam o presidente de governar para os ricos.

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Pesquisas divulgadas na imprensa francesa mostram que a popularidade de Macron não anda tão bem. Em março, sua aprovação atingiu 40%, o índice mais baixo desde que assumiu o cargo.

Entre as 19 reformas aprovadas nesses 12 meses,  Macron introduziu uma taxação fixa de 30% sobre a renda, reduzindo o imposto sobre a riqueza e eliminando a tributação sobre os bancos. Novas medidas contra assédio sexual e reformas na habitação, subsídios de desemprego e evasão fiscal também são esperadas.

Estados Unidos

No cenário internacional, a administração de Macron têm se destacado pela aproximação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por sua intensa atividade para fortalecer a imagem da França no exterior. O líder francês convidou Trump para as comemorações do Dia Nacional da França, em julho do ano passado, e ambos voltaram a  trocar apertos de mãos e abraços no final de abril, durante sua visita a Washington.

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Entre os temas das conversas, Macron privilegiou o acordo nuclear com o Irã, assinado em 2015 por seis potências, entre as quais os Estados Unidos e a França, e o Irã. O acerto permitiu a suspensão do programa nuclear militar iraniano e o fim das sanções econômicas americanas e europeias sobre Teerã.

Trump estabeleceu o prazo de até 12 de maio para renegociar os termos ou deixará o pacto. O presidente francês apresentou-se como o único chefe de governo capaz de fazê-lo desistir da ideia, embora ainda não tenha obtido sucesso visível nessa missão.

Frente às declarações de Trump de que o acordo seria “terrível e ridículo”, Macron passou os dias seguintes à sua viagem telefonando ao seus aliados para tentar convencê-los de um acordo suplementar que pudesse satisfazer às exigências de Trump e manter o pacto original. Ainda assim, Teerã está resistente e afirma que não vai renegociar o acordo.

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O presidente francês também tenta dialogar com o líder americano para fazê-lo voltar atrás no Acordo de Paris. Os Estados Unidos aderiram ao pacto climático internacional em 2015, durante o governo de Barack Obama, porém deixaram o acordo em junho de 2017, com Trump no poder.

Por causa de sua estreita relação com o presidente americano, Macron passou a ser considerado quase um porta-voz dos Estados Unidos na Europa, especialmente considerando a relação não tão próxima da chanceler alemã, Angela Merkel, com Trump e as dificuldades enfrentadas pela primeira-ministra britânica, Theresa May, a nível internacional após o Brexit.

Europa

Com menos de uma semana no cargo, Macron visitou Berlim para discutir a reforma da zona do euro com Merkel. Os mercados se tornaram mais positivos com o indicativo de que a zona do euro implementaria mais medidas fiscais e aliviaria um pouco o ônus sobre o Banco Central Europeu, tornando a moeda mais resistente a possíveis crises.

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Ainda assim, alguns argumentam que o presidente francês tem sido muito ambicioso e pode ser mais difícil do que parece conseguir que todas as propostas, que devem ser apresentadas oficialmente em junho, sejam aprovadas pelos colegas europeus.

Em uma coletiva de imprensa após o encontro com Merkel, em maio do ano passado, Macron disse que “não haverá tabu” em relação à ideia de reformular os tratados. “Nós concordamos que trabalharemos juntos de maneira muito próxima. Estou consciente que esse é um momento muito crítico da União Europeia e tomaremos as decisões corretas”, acrescentou também a chanceler alemã.

Ainda assim, um de seus principais desafios é que sua parceira enfrenta instabilidade dentro de seu próprio país, com tensões que se agravaram recentemente. Merkel lutou durante meses para formar um governo de coalizão, que só foi fechado em março deste ano. Por causa de sua situação interna delicada, ela está naturalmente reticente com a ideia de promover qualquer integração ou mudança econômica.

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