O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta quinta-feira, 2, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no primeiro diálogo entre os dois líderes desde a invasão russa à Ucrânia, no ano passado. A videoconferência aconteceu às 15h, segundo o Palácio do Planalto.
Em publicação nas redes sociais, Lula afirmou que reafirmou “o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção de paz e do diálogo”.
Tive uma reunião por vídeo agora com o presidente da Ucrânia, @ZelenskyyUa. Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém.
— Lula (@LulaOficial) March 2, 2023
Na semana passada, Zelensky já havia indicado desejo de uma reunião com Lula, já que o Brasil poderia fazer com que a “Ucrânia seja mais bem compreendida na América Latina”. Pouco antes, ele mencionou uma chamada “cúpula da paz” entre a Ucrânia e países do Sul Global – da América Latina, África, China e Índia – para pôr fim à guerra em seu país.
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O Brasil, apesar de ter condenado a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022 nas Nações Unidas, escolheu manter uma posição de relativa neutralidade, evitando sanções contra o presidente russo, Vladimir Putin, por motivos econômicos. A agricultura brasileira é altamente dependente dos fertilizantes de Moscou – de 2018 a 2022, vendeu em média 22% do produto consumido pelos brasileiros –, e a Rússia é um grande exportador de produtos como o diesel para o país.
Apesar disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se apresentou em ocasiões como um possível interlocutor para futuras negociações de paz. Na semana passada, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, disse que o governo do presidente Putin recebeu a proposta de paz na Ucrânia enviada pelo líder brasileiro.
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Galuzin destacou que a Rússia valoriza o fato de o Brasil não fornecer armas a Kiev, “apesar da pressão dos Estados Unidos”. No final de janeiro, durante uma visita do chanceler alemão, Olaf Scholz, Lula se recusou a fornecer munições para tanques de guerra, que a Alemanha ia enviar para o campo de batalha na Ucrânia, para evitar “se meter na briga e se queimar”.
“Tomamos nota das declarações do presidente do Brasil sobre o tema de uma possível mediação, a fim de encontrar caminhos políticos para evitar a escalada [do conflito] na Ucrânia, corrigindo erros de cálculo no campo da segurança internacional com base no multilateralismo e considerando os interesses de todos os envolvidos”, afirmou o diplomata.
Na quinta-feira, o ministro de Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, anunciou uma visita de trabalho ao Brasil na segunda quinzena de abril. A decisão foi anunciada após encontro entre o chanceler russo e o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, pouco antes da reunião de chanceleres do G20, o grupo das vinte maiores economias do mundo, em Nova Délhi, na Índia.
“No primeiro encontro entre ambos desde a posse do governo Lula, repassaram os principais temas da agenda bilateral e multilateral, e analisaram a situação atual e as perspectivas da guerra na Ucrânia”, relatou o Itamaraty, em publicação nas redes sociais.
No primeiro encontro entre ambos desde a posse do governo Lula, repassaram os principais temas da agenda bilateral e multilateral, e analisaram a situação atual e as perspectivas da guerra na Ucrânia. pic.twitter.com/1zlAAgIwW5
— Itamaraty Brasil 🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) March 1, 2023