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Líbia alerta Conselho de Segurança sobre ameaça de guerra civil

ONU aprova resolução pedindo cessar-fogo. País vive em meio a caos político, refém de grupos extremistas que disputam o poder desde a queda de Kadafi

Por Da Redação
27 ago 2014, 18h06
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  • A Líbia advertiu o Conselho de Segurança da ONU sobre a possibilidade de uma guerra civil de grandes proporções se os grupos extremistas que atuam no país não forem desarmados. “A situação na Líbia é complicada. E, desde 13 de julho tornou-se ainda mais complicada podendo deteriorar em uma guerra civil total se não formos cautelosos e sábios em nossas ações”, disse o embaixador do país na ONU, Ibrahim Dabbashi. A data mencionada pelo embaixador marca o início de conflitos entre milícias rivais que tentam assumir o controle do principal aeroporto do país. Os confrontos deixaram pelo menos sete mortos e forçaram a suspensão de voos para a capital Trípoli.

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    Na Líbia, o vácuo de segurança deixado pela queda de Muamar Kadafi, em 2011, foi preenchido por grupos extremistas que ajudaram a derrubar o ditador, e continuam desafiando a autoridade do Estado. “No passado, os incidentes de segurança eram limitados, isolados e raros. Mas agora os confrontos envolvem dois grupos que usam armamento pesado. Cada grupo tem seus próprios aliados espalhados por outras regiões do país”, acrescentou o embaixador.

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    Em resposta ao caos no país, o Conselho de Segurança aprovou nesta quarta-feira uma resolução pedindo um cessar-fogo imediato e sancionando grupos e indivíduos que ameaçam a paz e a estabilidade no país. Os nomes das pessoas e empresas sujeitas a punições ainda serão definidos. “Todas as partes precisam se mostrar dispostas a fazer parte de um diálogo inclusivo e que terá como objetivo a restauração da estabilidade e o alcance de um consenso sobre as próximas etapas a serem tomadas na formação de um governo de transição na Líbia”, diz o texto aprovado por unanimidade.

    O enviado especial das Nações Unidas para a Líbia, Tarek Mitri, disse que a situação é “preocupante”. “A ameaça da propagação de grupos terroristas tornou-se real. A caótica situação de segurança e a capacidade muito limitada do governo para conter essa ameaça criou um terreno fértil para um perigo crescente na Líbia e nos arredores”.

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    Caos político – Uma eleição foi realizada em junho com o objetivo de reconstruir as instituições do país, mas o caos ainda impera. Mas o Congresso Geral Nacional (GNC), onde os islâmicos tinham força, recusou-se a admitir a legitimidade da assembleia que o sucedeu, a Câmara dos Deputados, dominada por liberais e federalistas.

    Na segunda-feira, o GNC se reuniu e escolheu Omar al-Hasi como novo primeiro-ministro. Na prática, a escolha deixou o país com dois líderes e duas assembleias rivais, cada uma delas apoiadas por grupos armados. “A Câmara dos Deputados é o único órgão legítimo da Líbia”, afirmou o primeiro-ministro Abdullah al-Thinni, reforçando que a decisão do GNC não tem validade. Os integrantes da Câmara se reúnem em Tobruk, no leste do país, longe dos confrontos em Trípoli e Bengasi.

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    O GNC se reuniu depois que facções da cidade de Misrata, no oeste, forçaram um grupo rival de Zintan a sair do aeroporto de Trípoli, depois de um mês de hostilidades. Em 2011, os dois lados uniram-se contra Kadafi, mas agora lutam um contra o outro pelo poder de explorar o petróleo no país. O grupo de Misrata, que pediu ao GNC que voltasse ao trabalho, é chefiado por Salah Badi, ex-parlamentar islâmico linha-dura conhecido por recorrer a outros meios quando a política não segue sua vontade. A facção de Zintan é contrária ao antigo Parlamento.

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    Intervenção – As divisões no país envolvem rivalidades entre islâmicos e não islâmicos e também entre alianças tribais e regionais. Vários governos de transição falharam na tentativa de controlar todos esses grupos. Mas o novo enviado da ONU para a Líbia, Bernardino Leon, que assumirá o posto no mês que vem, é contra uma intervenção estrangeira, embora representantes líbios já tenham pedido ajuda nesse sentido.

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    No início desta semana, o jornal The New York Times tornou públicas as suspeitas do governo americano de que Egito e Emirados Árabes Unidos estavam atacando os terroristas secretamente. O embaixador Dabbashi não mencionou os bombardeios, mas o enviado especial salientou que esse tipo de ação não ajuda a melhorar a situação na Líbia. “Qualquer intervenção estrangeira é uma violação de soberania”, disse Mitri.

    O governo egípcio negou participação no confronto. Segundo a agência de notícias Mena, o presidente Abdel Fattah Sisi rechaçou pessoalmente qualquer envolvimento no conflito interno do país vizinho. O ministro de Assuntos Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash, afirmou em seu Twitter que as denúncias são mais uma tentativa dos radicais islâmicos de tumultuar o complexo cenário político da Líbia. “A tentativa de arrastar os Emirados Árabes para dentro da situação líbia é uma estratégia para escapar da responsabilidade de encarar os resultados das eleições e a legitimidade que elas trouxeram para o desejo de uma maioria prezar pela estabilidade e segurança no país.”

    John Kirby, porta-voz do Pentágono, reforçou à CNN que os bombardeios só agravarão a crise na Líbia. Para Kirby, as partes devem solucionar o conflito “de forma pacífica e através de uma boa gestão governamental, utilizando os meios políticos, e não os violentos”. Ele destacou que o Pentágono “desencoraja outras nações a tomarem partido na situação líbia através da violência”. Jen Psaki, porta-voz do Departamento de Estado americano, também pontuou que “a interferência externa na Líbia exacerba as atuais divisões e atravanca a transição democrática”.

    (Com agência Reuters)

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