A Coreia do Norte ameaçou nesta sexta-feira, 17, tomar medidas fortes “sem precedentes” contra seus rivais, logo depois que a Coreia do Sul anunciou uma série de exercícios militares planejados com os Estados Unidos para aprimorar sua resposta conjunta às crescentes ameaças nucleares do Norte.
A Coreia do Norte interrompeu testes de armas desde o lançamento de mísseis de curto alcance em 1º de janeiro, embora tenha lançado mais de 70 mísseis em 2022 – recorde para um único ano. O alerta de sexta-feira sugere que o país pode retomar os testes em breve e, possivelmente, durante o treinamento militar de seus rivais. Pyongyang vê a colaboração como o ensaio de uma invasão.
+ Kim Jong-un exibe poderio nuclear no maior desfile militar de seu regime
“Caso os Estados Unidos e a Coreia do Sul ponham em prática o seu já anunciado plano de exercícios militares que [a Coreia do Norte], com justa apreensão e razão, considera como preparativos para uma guerra de agressão, eles enfrentarão respostas fortes e persistentes sem precedentes”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Coreia em comunicado divulgado pela mídia estatal.
A declaração acusou sul-coreanos e americanos de planejarem mais de 20 rodadas de exercícios militares, incluindo seus maiores exercícios de campo de todos os tempos. A chancelaria chamou as duas nações de “os arqui-criminosos que perturbam deliberadamente” a paz e a estabilidade regionais.
“Isso prevê que a situação na Península Coreana e na região será novamente mergulhada no grave vórtice da escalada de tensão”, disse o comunicado.
+ A nova estratégia de propaganda norte-coreana: influenciadores no YouTube
O texto não especificou a quais treinamentos militares se referia, mas a Coreia do Norte normalmente critica todos os principais exercícios militares regulares entre Washington e Seul como o prelúdio de uma invasão, e responde com seus próprios testes de armas, para aperfeiçoá-las.
Alguns analistas dizem que a Coreia do Norte eventualmente pretende usar seu arsenal nuclear ampliado para obter reconhecimento internacional como um estado nuclear legítimo, obtendo alívio de sanções, bem como outras concessões.
Seul e Washington se defenderam, dizendo que seu treinamento é de natureza defensiva.
+ Coreia do Sul ameaça fim de pacto militar com Norte após invasão de drones
Na sexta-feira 10, Heo Tae-keun, vice-ministro da política de defesa nacional da Coreia do Sul, disse aos legisladores que Seul e Washington realizarão um treinamento combinado anual de 11 dias, simulado por computador em meados de março. Heo acrescentou que o exercício refletiria as ameaças nucleares da Coreia do Norte, bem como aspectos não especificados da guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Heo também afirmou que estes serão os maiores exercícios militares já realizados em parceria com os americanos.
Autoridades de Seul também disseram que a Coreia do Sul e os Estados Unidos realizarão um exercício estratégico de um dia na semana que vem, no Pentágono, em Virgínia, para afiar uma resposta a um potencial uso de armas nucleares pela Coreia do Norte. O exercício, agendado para quarta-feira, 22, vai traçar possíveis cenários em que Pyongyang poderia usar bombas atômicas, formulando planos de gerenciamento de crises.
+ Contra EUA, Kim pede aumento exponencial do arsenal nuclear norte-coreano
As preocupações de segurança de Seul sobre o programa nuclear da Coreia do Norte se aprofundaram depois que Pyongyang adotou no ano passado uma lei que autoriza o uso preventivo de armas nucleares e testou mísseis com capacidade nuclear, com capacidade para atingir não só a Coreia do Sul, mas também os Estados Unidos.
Em resposta à intensificação das ameaças norte-coreanas, os aliados expandiram seus exercícios militares conjuntos e aumentaram a pressão sobre o Norte para abandonar seu programa nuclear. Em janeiro, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse que vai enviar mais armas avançadas, como caças e aviões bombardeiros, para a Península Coreana.