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Kamala Harris ofusca favoritos Biden e Sanders no 2º debate democrata

Em momento intenso, Kamala questionou Biden sobre sua posição contra o transporte obrigatório de negros em ônibus escolares no período pós-segregação

Por Lúcia Guimarães Atualizado em 28 jun 2019, 15h23 - Publicado em 28 jun 2019, 01h41

Não foi uma boa noite para favoritos septuagenários que almejam celebrar 80 anos na Casa Branca. O ex-vice presidente Joe Biden e seu antagonista à esquerda, o senador Bernie Sanders, chegaram ao segundo debate democrata da campanha presidencial como favoritos, não só pelas pesquisas, mas como figuras políticas com vasto reconhecimento nacional. Biden era o que tinha mais a perder no primeiro embate com os pré-candidatos.

O jovem azarão Erica Salwell, deputado pela Califórnia,  foi o único e mencionar a idade de Biden, 76 anos, e, por tabela, a de Sanders, 77, repetindo o bordão, “passe adiante a tocha”, se o país vai resolver a questão do clima, da violência das armas e o endividamento de estudantes universitários.

Mas a senadora da Califórnia Kamala Harris  parece ter compreendido melhor do que os outros nove candidatos a vulnerabilidade de Biden, que tem cinco décadas de vida pública. Numa dramática troca de palavras que ninguém esperava, mas Harris deve ter calculado com precisão, ela questionou Biden por ter dito que tinha bom relacionamento com senadores segregacionistas no passado e lembrou que ele tinha uma história de se opor ao busing“, a ordem federal de transportar estudantes negros em ônibus para escolas que, até o fim da segregação racial, nos anos 1960, eram exclusivas para brancos. Ela disparou: “Havia uma menina na Califórnia que estava na segunda classe a ser integrada nas escolas públicas e ela ia de ônibus para a escola todo dia. Aquele menina era eu.”

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Num debate que incluiu economia, clima, política externa, imigração, direitos da mulher e questões raciais, Kamala Harris transformou sua narrativa pessoal no momento mais dramático da noite. Antes do fim do debate, sua conta no Twitter publicou a foto de Harris  no ponto de ônibus, esperando para ir à escola e a imagem logo se tornou viral. Biden respondeu que era apenas contra o envolvimento do governo federal no busing de estudantes negros.

Tuíte de Kamala Harris (Twitter/Reprodução)

Depois do debate, a campanha de Joe Biden emitiu um comunicado dizendo que Kamala Harris fez exatamente o que Donald Trump espera, isto é, dividir a oposição. Ela estava dando entrevista ao canal de cabo MSNBC e disse que tinha respeito pela vida pública de Biden e não o considera racista.

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O senador de Vermont Bernie Sanders parece fadado a um papel irônico na campanha presidencial de 2020. Ele é uma espécie de elefante na sala no Partido Democrata, ao qual se recusa a se filiar. Continua independente e usa a sigla apenas como pré-candidato. Sem o Bernie Sanders pré-candidato de 2016, o partido não teria adotado políticas de esquerda defendidas por ele, em saúde e educação. Mas uma coisa era o contraste de Bernie Sanders com uma só adversária, Hillary Clinton. Com 24 pré-candidatos, vários deles considerados progressistas, Sanders perde seu protagonismo, o que ficou claro no debate da quinta-feira 27.

É cedo para prever se Joe Biden, extremamente popular entre eleitores negros, sairá ferido por Kamala Harris. A senadora era promotora federal da Califórnia, currículo que a associa a um período de intolerância judicial que colocou negros em números desproporcionais na cadeia, o que pode explicar por que ela não tem subido nas pesquisas, apesar de ser uma oradora articulada e oferecer políticas progressistas.

O segundo debate democrata mostrou que a mais longa campanha presidencial americana, com um campo democrata superlotado, está longe de ser definida pelas constantes pesquisas. E a questão de geração deve se tornar parte importante da campanha.

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