Jovem negro morto foi parado por policial por ‘bloquear rua’
Autoridades revelaram nome de policial envolvido no caso que provocou protestos no subúrbio de St. Louis. Também afirmaram que adolescente era suspeito de roubar uma loja - mas policial que o baleou não sabia disso
Minutos antes de um policial matá-lo a tiros, Michael Brown tinha se tornado suspeito de roubar cigarros em uma loja, de acordo com registros da polícia divulgados nesta sexta-feira após dias de protestos em um subúrbio de St. Louis pela morte do jovem negro. Mas o policial que matou Brown não estava ciente do fato, informou o chefe de polícia de Ferguson, Tom Jackson.
O policial Darren Wilson, de 28 anos, disparou e matou Michael Brown durante uma discussão depois de pedir a Brown que saísse da rua e subisse na calçada. “Ele estava no meio da rua bloqueando o tráfego. Foi isso”, declarou Jackson, chefe da polícia de Ferguson, na segunda.
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As autoridades demoraram dias para revelar o nome do policial envolvido no caso. Brown foi morto sábado e desde então as autoridades estavam sofrendo pressão crescente para identificar o policial e fornecer detalhes sobre a investigação, para apaziguar a comunidade de maioria negra do subúrbio de St. Louis, no Missouri.
A decisão do departamento de polícia, predominantemente branco, de divulgar nesta sexta-feira o relatório sobre o roubo ocultando detalhes sobre a morte do jovem alimentou a revolta que já domina os moradores da região. Após identificar Wilson como o policial envolvido na morte, Jackson o descreveu como um “cavalheiro” que está arrasado com a situação.
Ontem, o presidente Barack Obama fez um pronunciamento sobre o caso, dizendo que “nunca há desculpa para violência contra a polícia, ou para aqueles que usariam esta tragédia para encobrir atos de vandalismo ou saques. Também não há desculpa para a polícia usar força excessiva contra manifestantes pacíficos ou para jogar manifestantes na prisão por exercerem os direitos legítimos previstos na Primeira Emenda”.
Em seu primeiro relatório sobre a morte, a polícia afirmou que o jovem lutou com Wilson dentro da viatura antes de o policial sacar a arma e disparar várias vezes contra Brown. Testemunhas dão uma versão diferente, dizendo que ele estava desarmado e com as mãos para cima quando foi baleado.
A família do jovem, seu advogado e moradores da comunidade acusaram a polícia de usar a suspeita de roubo para tentar desviar a atenção do ponto principal, a morte inexplicada de um jovem desarmado. Foram divulgadas imagens que seriam de Brown empurrando um funcionário para roubar os cigarros.
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O capitão Ronald Johnson, um negro que cresceu na região de Ferguson, foi nomeado na quinta-feira para chefiar a operação e desaprovou a forma como as informações foram divulgadas. Ele afirmou que não foi informado sobre os planos de divulgar as imagens ou o nome do policial. Mesmo assim, tentou acalmar a população.
O governador democrata Jay Nixon, que nomeou Johnson para comandar o caso, depois de dias de confrontos entre polícia e manifestantes, participou da entrevista coletiva ao lado do capitão e ressaltou que os detalhes divulgados nesta sexta não representam “a imagem completa”. “Acho que o ponto focal aqui continua sendo descobrir como e por que Michael Brown foi morto e obter a justiça adequada para a situação”, disse, em declaração reproduzida pelo jornal The New York Times.
(Com agência Reuters)