Jim Jordan fracassa em segunda votação para Presidência da Câmara dos EUA
Trumpista de carteirinha e membro da ala mais conservadora do Partido Republicano, ele recebeu apenas 199 votos, longe dos 217 necessários para eleição
O candidato republicano Jim Jordan perdeu nesta quarta-feira, 18, a segunda rodada de votações para a Presidência da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. Com o fracasso o candidato apoiado pelo ex-presidente americano Donald Trump, o episódio expõe as profundas divisões dentro do Partido Republicano.
Para ser eleito, o nomeado precisa ser aprovado por ao menos 217 votos do plenário. Com o Partido Republicano rachado, Jordan recebeu apenas 199, em razão da rejeição de 22 membros de sua legenda. Apesar dos republicanos terem a maioria dos assentos na Câmara, ele ficou atrás até do candidato democrata, Hakeem Jeffries, com 212 – ainda cinco votos aquém do necessário.
O horizonte parece não ser positivo para Jordan. O resultado desta quarta-feira é ainda pior que o da primeira rodada, ocorrida na véspera, na qual 20 republicanos negaram a proposta. Trumpista de carteirinha e membro fundador do House Freedom Caucus, ala mais conservadora da Câmara, ele procura ocupar o antigo cargo de Kevin McCarthy, destituído em 3 de outubro, sendo a segunda opção do partido: a primeira, Steve Scalise, desistiu da indicação após falhar em obter apoio da legenda.
A saída de McCarthy – ele que enfrentou impressionantes 15 rodadas de votação até a vitória –, escancara a profunda divisão na Câmara e impede qualquer discussão no plenário até a eleição do presidente. O vácuo no poder também é preocupante porque o governo dos Estados Unidos caminha em direção a um possível “desligamento”, ou shutdown: caso o legislativo não aprove o orçamento do novo ano fiscal até dia 17 de novembro, prazo que já foi estendido, agências governamentais serão obrigadas a encerrar suas atividades até a resolução do impasse.
+ Após nomeação, Scalise desiste de disputar presidência da Câmara dos EUA
Em 30 de setembro, o Congresso aprovou uma medida provisória para impedir um shutdown no dia 1º de outubro, quando começaria o ano fiscal de 2024, estendendo o prazo em menos de dois meses. A decisão, como o sugere o nome, ofereceu alívio temporário. Mas o racha no Partido Republicano pode dificultar qualquer progresso.
Deputados mais conservadores defendem um corte rigoroso de gastos, incluindo o fim da ajuda financeira e bélica à Ucrânia. Essa ala linha dura, composta por apoiadores de Trump, se recusa a aceitar propostas brandas, tendo sido responsáveis pela exoneração do mais moderado McCarthy.
Jordan enfrenta um público difícil na Câmara, controlada por uma margem apertada pelos republicanos. Democratas o definem como “extremista extraordinário”. Do outro lado, rumores de que congressistas republicanos estariam sendo pressionados a aceitar sua candidatura aumentaram sua rejeição dentro do próprio partido. A aliança inabalável com Trump também é fonte de desconfiança.
Na terça-feira, contudo, Jordan afirmou que estaria disposto a suportar inúmeras rodadas de votações até conseguir o cargo.
Segundo o jornal britânico Financial Times, uma ala republicana apela a Jordan para que abandone a campanha, de forma a permitir que Patrick McHenry, presidente interino da Câmara que supervisiona o processo eleitoral, concorra ao cargo. Ele seria, de acordo com as fontes, uma maneira de unir o partido rachado para que a o orçamento do governo possa ser, enfim, aprovado.