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Itália revogará concessão de monastério para Steve Bannon por fraude

Por irregularidades, descumprimento de regras contratuais e assinatura falsa, o governo italiano anula o contrato com entidade ligada a ex-assessor de Trump

Por Vinícius Novelli
Atualizado em 30 jul 2020, 19h46 - Publicado em 31 Maio 2019, 17h56

O Ministério de Bens e Atividades Culturais da Itália vai revogar a concessão do monastério Certosa di Trisulti, localizado em Collepardo, à organização Dignitatis Humanae Institute (DHI). A entidade tem como um dos seus fundadores Steve Bannon, o ex-estrategista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pretendia instalar no edifício uma universidade para disseminar o pensamento da extrema direita.

A concessão do monastério já estava sob ameaça porque o ministério havia pedido uma inspeção no lugar, que constatou o não cumprimento de diversas exigências do contrato pelo DHI. Entre elas, a valorização do patrimônio cultural italiano.

O procurador do Estado identificou a existência de todas as condições para proceder ao cancelamento em autoproteçãobem como a declaração de caducidade da concessão, em decorrência do descumprimento de diversas obrigações contratuais”, informou o ministério em nota.

A situação piorou para a instituição de Bannon depois da  publicação de uma reportagem pelo jornal italiano La Repubblica mostrando que documentos usados pelo DHI, que garantiram o pagamento de 100 mil euros anuais pelo o uso do espaço, são fraudulentos.

Segundo o jornal, o DHI apresentou o documento para endossar seu plano de negócios na época da licitação do monastério, com a assinatura de um funcionário de uma subsidiária do banco dinamarquês Jyske Bank, em Gibraltar. Questionado pela revista britânica The Economist, o diretor-geral dessa subsidiária, Lars Jensen, confirmou a fraude.

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“É um documento fraudado, não sei quem o confeccionou”, disse.

Lars também afirmou que a assinatura contida no papel era de uma ex-funcionária que deixara o banco havia anos e que seu cargo era de assistente, não de diretora, como diz o documento.

Na mesma nota em que o ministério diz que iniciou os procedimentos para revogar o contrato, lê-se que foram descobertas “irregularidades” no processo de concessão do monastério.

À Economist, Bannon afirmou que os documentos eram legítimos e que toda essa situação é “poeira levantada pela esquerda”.

Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon: amizade que remonta a 2018. (//Divulgação)

Por sua aproximação com Olavo de Carvalho, guru do governo de Jair Bolsonaro, Bannon foi um dos protagonistas da visita oficial do presidente brasileiro a Washington, em março. O deputado Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, jantou reservadamente com o ex-assessor de Trump.

Bannon também foi o convidado especial de um jantar oferecido por Bolsonaro a personalidades da extrema direita americana na embaixada do Brasil, apesar de ter se tornado um desafeto de Trump. A relação entre os Bolsonaro e o agitador americano remonta ao ano passado, quando Bannon se encontrou mais de uma vez com o filho do presidente brasileiro em Nova York.

Com a decisão do governo italiano, Steve Bannon sofre um revés na sua tentativa de instalar o pensamento populista de extrema direita na Europa. A ideia era fundar uma escola de “gladiadores” para defender a cultura ocidental judaico-cristã do secularismo e da imigração ilegal. O conteúdo oferecido pela universidade tem os políticos populistas europeus como alvos.

Bannon também é criador do “Movimento”, um fundação para financiar partidos populistas e tentar ganhar as eleições para o Parlamento Europeu. Os resultados apontaram o avanço da extrema direita e dos partidos ambientalistas, mas as legendas de centro mantiveram a maioria das cadeiras, apesar de terem sofrido perdas de legisladores.

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