Seyed Mehdi Hosseini Matin, principal diplomata do Irã no Reino Unido, afirmou nesta quarta-feira, 17, que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem como objetivo arrastar o Ocidente em uma guerra no Oriente Médio. Segundo ele, “existe uma armadilha, mas não para o Irã” e “o mundo em breve poderá ser incapaz de controlar as consequências”.
Para Hosseini Matin, o Ocidente está, ao mesmo tempo, perdendo cada vez mais sua credibilidade no Oriente Médio, o que pode levar os Estados Unidos a se retirarem da região.
“Esta é uma boa oportunidade para os países ocidentais demonstrarem que são atores racionais e que não serão apanhados por Netanyahu e pelo seu objetivo, que é permanecer no poder enquanto puder realmente permanecer no poder”, afirmou o diplomata.
Ataque de retaliação
Matin também afirmou que o Irã lançaria um ataque mais forte, mais severo e sem aviso prévio contra Israel caso o país cometesse “outro erro” ao lançar um ataque de retaliação contra o país. O principal general de Israel, Herzi Halevi, já afirmou que o país vai responder ao ataque iraniano.
“A resposta ao próximo erro do sionista não demorará 12 dias. Será decidido assim que vermos o que o regime hostil fez. Será imediato e sem aviso prévio. Será mais forte e mais severo”, disse.
O Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel no sábado 13, em resposta ao ataque aéreo israelense ao consulado iraniano em Damasco, capital da Síria. O ataque foi descrito por Martin como uma oportunidade do país demonstrar sua força e provar que é mais poderoso “do que toda a comunidade internacional esperava”. “O Irã é agora uma superpotência regional”, completou ele.
No domingo, 14, o exército israelense afirmou que os drones iranianos foram principalmente direcionados contra a base aérea Nevatim, mas que o resultado foi um dano minimo à estrutura do local, que continua em atividade. Entre civis, apenas uma garota ficou ferida. Mais de 99% dos drones e mísseis lançados pelo Irã foram interceptados no ar.
Ocidente e Irã
Após o ataque, os Estados Unidos e a União Europeia reagiram de forma categórica. O governo do presidente americano, Joe Biden, reforçou a aliança entre Estados Unidos e Israel e declarou apoio ao exército israelense contra as ameaças vindas do Irã. Após o ataque Biden convocou uma reunião com os conselheiros de segurança para discutir a crise. A União Europeia afirmou que “condena firmemente o inaceitável ataque iraniano contra Israel” e reforçou os perigos de uma “escalada sem precedentes” como “ameaça para a segurança regional”.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, também se posicionou contra o ataque e chamou a ação de “imprudente”. “Estes ataques arriscam inflamar as tensões e desestabilizar a região”, disse. Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, afirmou apoiar o direito de Israel de se defender e disse que o Irã demonstra “desrespeito pela paz e estabilidade na região”.
Além disso, EUA e UE também anunciaram novas sanções contra o Irã, que hoje é o segundo país com mais sanções no mundo, ficando atrás apenas da Rússia.
O diplomata iraniano ressaltou que, antes do ataque contra Israel, o Irã recorreu às autoridades ocidentais pedindo que elas apoiassem uma declaração do Conselho de Segurança da ONU condenando Israel pelo ataque ao consulado iraniano. No entanto, o pedido foi negado por muitos representantes desses países, incluindo o chanceler britânico, David Cameron, que posteriormente afirmou que o Reino Unido também teria respondido caso uma potência hostil atacasse um consulado britânico.