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Israel está há 8 meses sem governo, e continuará assim por mais outros 3

Após aprovação do parlamento, os israelenses vão a inéditas terceiras eleições em menos de um ano para tentar encerrar o impasse na formação de um governo

Por Caio Mattos 11 dez 2019, 21h14

Nenhum membro do Parlamento de Israel conseguiu formar um governo antes do prazo limite de meia-noite de quinta-feira, 12, (19h de quarta-feira, 11, em Brasília) e, logo, os israelenses vão às urnas pela terceira vez em menos de um ano, com o próximo pleito previsto para ocorrer no início de março. O país está sem governo há mais de oito meses, já que a maioria dos 120 membros do Knesset, como é conhecido o parlamento israelense, não apoiou nenhuma investidura resultante das últimas duas eleições — 9 de abril e 17 de setembro.

Desde a independência, em 1948, os israelenses nunca encararam a possibilidade de voltar às urnas pela terceira vez em menos de um ano — um feito inédito no país, que até setembro nunca realizara duas eleições nesse mesmo intervalo de tempo.

As legendas Likud, de direita e liderada por Benjamin Netanyahu, e Azul e Branco, de centro direita e encabeçada pelo ex-chefe do Estado-Maior Benny Gantz, elegeram as maiores bancadas em abril e em setembro. Mas nenhum deles, nem outro parlamentar, conseguiu o apoio de maioria do Knesset para formar um governo.

Netanyahu, que foi o último capaz de formar um governo no país, em 2015, se mantém no cargo de primeiro-ministro de maneira interina, como define uma das Leis Básicas de Israel, que equivalem a uma Constituição, desde abril. “Quando um novo Knesset é eleito… O atual governo deve continuar a exercer suas funções enquanto um novo governo é constituído”, de acordo com a lei.

Não restringido pela Lei Básica, o governo interino é, porém, limitado principalmente por diversas decisões tomadas pela Suprema Corte de Israel. Como o tribunal reafirmou, em decisão de agosto que barrou a nomeação de Ophir Cohen ao cargo de diretor geral do ministério da Justiça, “o governo [interino] deve usar restrições para exercer seus poderes sobre todos os assuntos quando não houver necessidade e urgência especial para agir”.

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Limites do governo interino

Dentre os principais entraves enfrentados por Israel, que passará ao todo 11 meses sem um governo eleito pelo menos, está o orçamento público para 2020. Como um governo interino não pode aprovar lei orçamentária, o país deve começar 2020 engessado. 

Segundo o think tank americano Instituição Brooks, as agências operarão sob os valores do orçamento de 2019, mas repartidos igualmente para cada mês. Ou seja, os órgãos poderão usar mensalmente até 8,3% — o equivalente a 1/12 — do que gastaram neste ano.

Como no caso de Cohen, a indicação de juízes também é restringida enquanto um governo eleito não for empossado. O “ministério Público” de Israel, lembra o portal israelense The Times of Israel, emitiu uma declaração contrária à nomeação de “cargos seniores”, que requerem aprovação em sabatina comandada por um ministro.

O governo interino, entretanto, mantém “todo o poder” sobre as Forças Armadas e a segurança nacional, diz a constitucionalista Suzie Navot, da Escola de Direito Haim Striks, em entrevista a VEJA. Negociações com a Autoridade Palestina podem ser realizadas, com base em decisão da Suprema Corte de 2000, mas acordos devem ser aprovado pelo Knesset.

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“Há apenas um governo interino, mas não há um ‘Knesset interino’. O Parlamento pode legislar, mas usualmente não se aprovam muitas leis nesse período”, lembra Navot. Nesse caso, os procedimentos para a legislação são determinados, segundo Navot, pelo Conselheiro Legal do Knesset, cargo atualmente ocupado por Eyal Yinon.

Impacto do limbo em shekels

Desde o início desse limbo político, em abril, o Estado israelense gastou mais de 40 milhões de shekels (equivalente a cerca de 50 milhões de reais) em salários de membros do Knesset, com base no jornal Haaretz, que estima o salário mensal de um parlamentar em 43.000 shekels (50.000 reais).

Mas o gasto com os salários equivale a menos de 4% do prejuízo total para Israel. O país deve ter perdido pelo menos 900 milhões de shekels (1 bilhão de reais) com a manutenção de duas eleições e com o fundo eleitoral, tendo como base estimativa de uma autoridade do Tesouro para o pleito de 17 de setembro.

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Ainda mais, como o dia de eleição é feriado nacional, estima-se, segundo o Haaretz, que as 24 horas de folga custam à economia cerca de 1 bilhão de shekels (1,1 bilhão de reais). Assim, com a convocação do terceiro turno para 2 de março, como prevê proposta de lei a ser aprovada pelo Knesset nas próximas horas, o prejuízo total a Israel deve superar 4,6 bilhões de shekels (5,4 bilhões de reais).

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