Israel boicotou uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta terça-feira destinada a avaliar as ações israelenses relacionadas aos direitos humanos. A posição dos diplomatas abre um precedente que preocupa ativistas e países ocidentais.
Era previsto que Israel enfrentaria críticas na reunião por sua política nos territórios ocupados. A estratégia de construir novas residências nos assentamentos tem recebido críticas da comunidade internacional e aumentado o isolamento do país.
Tel Aviv, por sua vez, considera que há uma tendência contrária ao país no conselho. O que ainda não se sabe é o que a ONU poderá fazer a respeito da recusa israelense em participar do encontro -, ou mesmo se tomará alguma medida.
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A reunião com 47 membros da ONU é parte do processo de Revisão Períodica Universal imposto a todos os países membros das Nações Unidas. A última reunião com Israel ocorreu em dezembro de 2008, quando a delegação do país compareceu. O temor é que outras nações que possam receber questionamentos críticos no conselho também passem a faltar, seguindo os passos israelenses.
Em maio do ano passado, Israel já havia anunciado que não cooperaria com o conselho, depois de a ONU afirmar que investigaria os assentamentos judeus na Cisjordânia seriam investigados para verificar se há violações da legislação internacional sobre direitos humanos.
“Depois de uma série de votações e declarações e incidentes decidimos suspender nossas relações de trabalho com o organismo”, disse o porta-voz do ministério de Relações Exteriores israelense, Yigal Palmor, em entrevista ao jornal Financial Times.
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O único país a faltar a uma reunião do Conselho de Direitos Humanos anteriormente foi o Haiti, em 2010, mas o motivo foi o devastador terremoto que atingiu o país. Fora esse caso específico, todos os países, incluindo a Síria e a Coreia do Norte, participaram das reuniões.
Um comunicado conjunto assinado por oito grupos de direitos humanos de Israel criticou a decisão do governo israelense. “É legítimo para Israel expressar suas críticas sobre o trabalho do conselho e as recomendações feitas, mas Israel deveria fazer isso por meio do engajamento na revisão periódica universal, como vinha fazendo nas sessões anteriores”.