Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Irmã Dulce é proclamada a primeira santa nascida no Brasil

Em sermão, papa ressaltou ações de caridade dos canonizados: 'Um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo'

Por Da Redação Atualizado em 13 out 2019, 09h24 - Publicado em 13 out 2019, 06h59

O papa Francisco proclamou neste domingo, 13, a religiosa Irmã Dulce (1914-1962) como a primeira santa nascida no Brasil, durante uma cerimônia realizada no Vaticano. “Sua dedicação aos pobres tinha uma raiz sobrenatural e do alto recebia forças e recursos para realizar um maravilhoso serviço”, ressaltou o Vaticano sobre a freira baiana, agora chamada de Santa Dulce dos Pobres.

Na cerimônia no Vaticano também subiram aos altares outros quatro santos: o cardeal britânico John Henry Newman (1801-1880), a religiosa italiana Giuseppina Vannini (1859-1911), a indiana Maria Teresa Chiramel (1876-1926) e a suíça Marguerite Bays (1815-1879). Irmã Dulce, porém, é a mais jovem do grupo — os demais morreram no século XIX ou nas primeiras três décadas do século XX.

“Agradecemos ao Senhor pelos novos santos, que caminharam na fé e agora invocamos como intercessores. Três deles são freiras e mostram-nos que a vida religiosa é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo”, disse o papa Francisco no sermão de canonização.

Cerimônia de canonização da brasileira Irmã Dulce, juntamente com o cardeal inglês John Henry Newman, a religiosa italiana Giuseppina Vannini, a indiana Maria Teresa Chiramel e a suíça Marguerite Bays (Alberto Pizzoli/AFP)

O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, participou da cerimônia. Também estavam presentes os presidentes do Senado e da Câmara Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia; o governador da Bahia, Rui Costa, e o prefeito de Salvador, ACM Neto. Entre as autoridades mundiais que acompanharam a missa estava também o príncipe Charles, da Inglaterra, prestigiando a canonização do cardeal inglês John Henry Newmann. 

Continua após a publicidade

Papa Francisco e o príncipe Charles, no Vaticano, após cerimônia de canonização de cinco novos santos: entre eles o inglês John Henry Newman e a brasileira Irmã Dulce (Vaticano/AFP)

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, era conhecida pela dedicação aos pobres e aos mais necessitados. A canonização ocorre nove anos após o colegiado de cardeais e bispos da Congregação para a Causa dos Santos, da Cúria Romana, atestar o primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce descrito no processo de beatificação da religiosa iniciado pela Arquidiocese de São Salvador da Bahia. A decisão do colegiado é baseada em avaliação de peritos de saber científico (como médicos) e teólogos.

O milagre que levou à beatificação foi a intercessão da freira, a pedido de orações de um padre, para salvar a vida de uma mulher que deu à luz a um menino e estava desenganada por causa de uma hemorragia depois do parto, que os médicos não conseguiam conter. O caso ocorreu nove anos após a morte de Irmã Dulce (2001), em uma cidade do interior de Sergipe.

Para a canonização, a Constituição Apostólica exige a comprovação de um segundo milagre e semelhante ritual processual e comprobatório. A segunda graça, conforme publicado pela Arquidiocese de Salvador, foi a recuperação da visão do músico e maestro José Maurício Bragança Moreira, após 14 anos sem enxergar por causa do glaucoma.

Continua após a publicidade

Filha de um dentista e de uma dona de casa que morreu quando ela tinha sete anos, descobriu sua vocação ainda adolescente, quando atendia mendigos e doentes na porta da casa da família. Aos 19 anos se tornou freira e adotou o nome de “Dulce”, em homenagem à mãe. Começou atuando nos bairros mais pobres de Salvador e chegou a invadir propriedades desocupadas para abrigar doentes que pediam sua ajuda.

Em nome dos pobres e dos doentes, a mulher de 1,48 metro era gigante. Criou um dos maiores complexos de saúde do Brasil, o Hospital Santo Antônio, em Salvador, que hoje faz 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, gratuitamente. Ela atraía atenção, carinho e dinheiro de políticos e empresários como Antonio Carlos Magalhães e Norberto Odebrecht. Nascida numa família de classe média (filha de dentista e professor), tinha uma afeição espantosa pelos miseráveis. Certa vez, foi alimentar um morador de rua. Na primeira colherada, ele cuspiu a comida na cara da religiosa. Dulce reagiu: “A primeira colher era para mim mesmo, agora coma você”. Invadiu casas para abrigar gente que morava nas ruas. Foi afastada de sua congregação, a das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em razão de suas atividades, que não seguiam regras tradicionais.

Continua após a publicidade
Fiéis brasileiros acompanham canonização de Irmã Dulce no Vaticano neste domingo, 13 de outubro (Alberto Pizzoli/AFP)

A primeira missa em honra à Santa Dulce dos Pobres ocorrerá em Roma na igreja San’t Andrea della Valle, segunda-feira(14), 24 horas depois da canonização. No dia 20 de outubro, domingo, em Salvador, haverá a celebração pela canonização da Santa. Será no estádio de futebol Arena Fonte Nova, com abertura dos portões ao meio-dia. Os ingressos gratuitos estão à disposição nas diversas paróquias da Arquidiocese de Salvador e começaram a ser distribuídos no início deste mês.

(Com agências EFE e France-Presse)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.