Engenheiros iraquianos envolvidos na construção da barragem de Mosul há 30 anos alertaram sobre os riscos de colapso iminente da obra e as consequências desastrosas que o rompimento poderia trazer. Se a barreira ruir, a cidade pode ficar debaixo de 20 metros de água, colocando mais de um milhão de pessoas em risco, reportou o jornal britânico The Guardian.
A barragem, que é a maior do país, tem problemas estruturais desde sua construção nos anos 1980, quando o regime de Saddam Hussein ignorou as advertências de geólogos sobre o perigo da construção ser feita com materiais fracos e solúveis em água, como o gesso. A necessidade de manutenção é constante, mas estes trabalhos foram interrompidos quando os jihadistas do Estado Islâmico (EI) capturaram temporariamente a barragem em 2014. Desde então, a água continuou a infiltrar, enfraquecendo ainda mais a sua estrutura.
Agora, com o degelo do inverno, apontam os engenheiros, a capacidade máxima do reservatório foi preenchida e a pressão da água pode comprometer ainda mais a estrutura da construção.
Leia também:
Pela 1ª vez, EUA prendem um dos chefes do EI no Iraque
Iraque já condenou mais de 90 pessoas à morte este ano
Iraque teme que Estado Islâmico tenha roubado material radioativo
“Se a barragem ruir, a água chegará a Mosul em quatro horas e a Bagdá em 45 horas. Alguns afirmam que poderão morrer 500.000 pessoas, outros falam em 1 milhão. Eu imagino que, na ausência de um bom plano de evacuação, esse número pode ser ainda maior”, afirmou Nasrat Adamo, antigo engenheiro-chefe da obra ao jornal britânico The Guardian.
Na última quarta-feira, o governo iraquiano anunciou a assinatura de um contrato de 273 milhões de euros (1,1 bilhão de reais) com uma empresa italiana, a Trevi, para a realização de trabalhos de reparação e manutenção na barragem pelos próximos 18 meses. Após negociações entre o ministro de Relações Exteriores italiano, Paolo Gentiloni, e oficiais americanos e iraquianos, a Itália anunciou que pretende enviar 450 soldados para proteger o local da barragem, mas ainda não está claro quanto tempo vai demorar para substituir as partes danificadas e convovar a força de trabalho necessária.
(Da redação)