Irã pretende acelerar processo de enriquecimento de urânio
País informou agência de energia atômica da ONU sobre novas centrífugas
Em uma carta enviada à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) o Irã afirma que o país pretende instalar um número indeterminado de novas centrífugas em sua principal planta de enriquecimento de urânio, localizada na cidade de Natanz. A decisão traz preocupações para os Estados Unidos e seus aliados, especialmente Israel, para quem o objetivo iraniano é desenvolver armas nucleares – o que Teerã nega. A atualização no equipamento poderia tornar até três vezes mais rápido o processo de enriquecimento de urânio, segundo um diplomata citado pelo jornal The New York Times, que não foi identificado devido à natureza secreta do documento enviado à agência da ONU.
A informação surge no momento em que a tensão na região está elevada por causa de um ataque israelense ao território sírio. Autoridades americanas afirmam que o alvo foi um carregamento de armas para a guerrilha Hezbollah. O Irã é aliado próximo do governo da Síria e do grupo xiita.
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A Casa Branca considera que a instalação de novas centrífugas seria um “passo provocativo”. “Isso não chega como uma surpresa”, disse o porta-voz Jay Carney a jornalistas. Segundo ele, a instalação das novas máquinas aumentaria o isolamento do Irã por parte da comunidade internacional.
As negociações internacionais sobre o programa nuclear iraniano estão paralisadas em decorrência da falta de acordo sobre data e local para o novo encontro entre os representantes iranianos e o grupo formado por Estados Unidos, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e China. Um dos objetivos é fazer com que o Irã submeta seu programa nuclear a inspeções mais rigorosas da ONU.
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Atualmente, o Irã usa centrífugas modelo IR1, desenvolvidas na década de 70, e agora estaria se preparando para instalar equipamentos modelo IR2m, mais avançados. O país já dizia há anos que estava inclinado a melhorar sua capacidade de enriquecimento com novas centrífugas desenvolvidas internamente a partir de tecnologia inicialmente adquirida do Paquistão. Analistas afirmam que o Irã não tem acesso a muitos materiais necessários para a construção de novas centrífugas. Mas Teerã, que vem sofrendo sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia, diz estar fabricando o que não consegue importar – e continua a defender que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
Em Israel, país que já disse ser capaz de intervenções militares caso as negociações pacíficas não impeçam o Irã de obter armas nucleares,o porta-voz do governo, Mark Regev, lamentou a informação sobre os novos equipamentos. “Enquanto o mundo continua negociando e marcando encontros com os iranianos, Teerã avança na construção de uma bomba nuclear”.
(Com agência Reuters)