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Investigado por corrupção, vice discursa no lugar de Cristina Kirchner

Amado Boudou não economizou nos elogios a Perón, Néstor e Cristina

Por Da Redação
9 jul 2014, 20h54

O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, discursou nesta quarta-feira durante as comemorações da independência do país, na primeira solenidade pública depois do seu indiciamento por suspeita de corrupção.

Cercado confortavelmente por militantes kirchneristas, Boudou não fez qualquer referência ao escândalo em que está envolvido. Em vez disso, aproveitou a ocasião para ler um texto nacionalista. Ele lembrou as pretensões argentinas pela posse das britânicas Ilhas Malvinas, reclamou dos chamados “fundos abutres” e evocou as figuras dos ex-presidentes Néstor Kirchner e Juan Perón. Boudou conseguiu evitar os jornalistas presentes graças a uma “muralha” formada por militantes governistas.

Coube ao vice discursar porque a presidente Cristina Kirchner está em repouso por causa de uma laringite – sua substituição pelo vice foi interpretada como uma demonstração de apoio a Boudou. Segundo o jornal Clarín, Cristina obrigou todos os ministros do governo a acompanhar a cerimônia ao lado do vice.

Agradecido, o vice fez questão de atropelar o aspecto institucional da cerimônia para rasgar elogios a Cristina Kirchner, destacando que a presidente “trabalha para uma pátria livre e soberana que rompe com o colonialismo econômico”. Em outro momento, mostrou euforia e soltou gritos de “Obrigado, Néstor! Obrigado, Cristina!”.

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A cerimônia ocorreu em San Miguel de Tucumán, localizada a 1.000 quilômetros de Buenos Aires, no noroeste do país, cidade que abrigou o congresso que declarou oficialmente a independência da Argentina e de outras regiões do império espanhol, em 1816.

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Economia – O vice fez alusões aos problemas econômicos relacionados à cobrança da dívida argentina usando o pano de fundo histórico. Disse que foi naquela cidade que há 198 anos “se declarou a independência política e cultural, e esse caminho duro e difícil teve muitas pedras pelo caminho porque o colonialismo não só tem forma política como tem formas econômicas que sobrevivem no mundo moderno”.

Em seguida, disse que os ministros do governo agora vão a Washington, nos Estados Unidos, para “trabalhar pelas necessidades do país”, enquanto antes eles iam “apenas para tirar fotos no tapete vermelho” – nesta semana, o ministro da Economia Axel Kicillof viajou a Nova York para tentar negociar a dívida com os fundos abutres. O vice também classificou de “vergonha” o fato de ainda existir um “enclave colonial” no Atlântico Sul, em alusão às Ilhas Malvinas.

Histórico – A acusação que pesa contra Boudou na Justiça envolve a compra de uma gráfica na época em que era ministro da Economia. Em julho de 2010, uma investigação sobre privilégio comercial conduzida pelo Fisco argentino pediu à Justiça a quebra do sigilo da gráfica Ciccone, que mantém contratos com o governo e, entre outras atividades, vende papel moeda ao Banco Central argentino. A Justiça suspendeu o pedido três meses mais tarde por solicitação da própria empresa, que negociou um plano de pagamentos de multas com o Fisco. Uma investigação descobriu que Boudou pressionou o Fisco para favorecer a empresa.

Depois do episódio, a companhia foi vendida para o fundo de investimentos The Old Fund, presidida por Alejandro Vandenbroele, que é apontado como testa de ferro de Boudou, embora o vínculo tenha sido negado pelo vice-presidente. Amado Boudou deixou a pasta de Economia depois das eleições de 2011 para ocupar a vice-presidência, mas as denúncias tem ofuscado sua carreira política. A oposição tentou abrir vários processos contra o vice no Legislativo do país e chegaram a pedir publicamente sua saída. Só que enrolado vice ainda conta com o apoio de Cristina, que além de confiar a missão de discursar nesta quarta-feira, também providenciou para que todos os pedidos de investigação contra o vice no Congresso fossem enterrados com o uso da maioria kirchnerista nas comissão responsável por analisar as petições.

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Além do Ciccone, o vice também é investigado por ter usado um jatinho de um empresário em um ato oficial em 2011, quando já ocupava o segundo posto mais importante do Executivo.

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