Buenos Aires, 1 mar (EFE).- A investigação sobre as causas do acidente de trem que deixou 51 mortos em Buenos Aires na semana passada revelou novos erros técnicos que confirmam as graves deficiências do sistema, informou nesta quinta-feira o jornal ‘La Nación’ com base em um relatório elaborado por um organismo oficial.
A investigação da Comissão Nacional de Regulação do Transporte (CNRT) revela, segundo o jornal, que o parachoques hidráulico da estação de Once, que deveria ter amortecido o impacto do trem acidentado, não funcionava.
O parachoques atuou ‘apenas como um impedimento estático ao avanço’, ou seja, como uma parede, explicou ‘La Nación’.
O acidente aconteceu em 22 de fevereiro quando um trem procedente da província de Buenos Aires e carregado com cerca de 1.500 passageiros se chocou contra uma plataforma da estação de Once, no centro da capital.
‘Se o para-choque hidráulico tivesse funcionado corretamente, o impacto do trem a 20 km/h teria sido menor e talvez não tivesse provocado a tragédia que causou. No estado em que estava foi como se (o trem) tivesse se chocado contra uma parede’, disse o porta-voz do sindicato de trabalhadores ferroviários La Fraternidad, Horacio Caminos.
A manutenção do para-choque, das vias e do material rolante, lembrou o jornal ‘La Nación’, é responsabilidade da empresa concessionária, Trens de Buenos Aires (TBA), que sofreu uma intervenção esta semana pelo Governo de Cristina Kirchner no meio de fortes críticas pela negligência do Executivo.
A conclusão do relatório foi corroborada pelo maquinista do trem acidentado, que denunciou que o para-choque não funcionou e se rompeu após o impacto.
O jovem motorista afirmou que os freios do trem falharam e que também não funcionou a válvula de emergência.
A presidente argentina pediu à justiça que acelere a investigação sobre as causas do acidente para esclarecer responsabilidades.
O Governo conseguiu na quarta-feira frear a aprovação de um relatório da Auditoria Geral da Nação que, segundo a imprensa local, destapa graves irregularidades no funcionamento da TBA e põe em evidência a falta de controle do Estado.
Familiares e amigos das vítimas pediram a apuração de responsabilidades políticas e criticaram vários membros do Gabinete de Cristina Kirchner, especialmente o secretário de Transporte, Juan Pablo Schiavi, que na quarta-feira foi operado com urgência de uma angioplastia coronária. EFE