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Índia encerra buscas por corpo de missionário morto por tribo isolada

Hostis e isolados, índios de Sentinela do Norte são protegidos de contato com intrusos; Chau pagou US$ 350 a pescadores para ser levado à ilha

Por Da Redação
Atualizado em 28 nov 2018, 16h23 - Publicado em 28 nov 2018, 16h14

Autoridades da Índia afirmaram que não devem continuar as buscas pelo corpo do missionário americano John Allen Chau, morto por uma tribo isolada que vive na ilha de Sentinela do Norte, no Oceano Índico, segundo o jornal britânico The Guardian.

Um antropólogo envolvido no caso afirmou ao diário que a equipe líder das buscas concluiu ser impossível resgatar os restos mortais de Chau sem provocar conflitos com os nativos sentinelas.

“Decidimos não incomodar os sentinelas”, disse o especialista, que pediu para não ser identificado. “Não devemos perturbar seus sentimentos. Eles atiram flechas em qualquer invasor. Essa é a mensagem deles para que as pessoas não se aproximem da ilha”, completou.

Os sentinelas formam uma comunidade de caçadores e coletores da ilha indiana, localizada no arquipélago de Andaman e Nicobar, no Oceano Índico. Nas últimas décadas, toda tentativa de contato do mundo exterior terminou em hostilidade e rejeição por parte da tribo, com mais de 30.000 anos de existência no local.

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Segundo estimativas, o grupo é formado por aproximadamente 150 pessoas. Pesquisadores acreditam que eles são descendentes das primeiras populações humanas que saíram da África.

Chau, um evangélico de 27 anos, foi morto pelos nativos depois de entrar ilegalmente em seu território no último dia 16. Ele pretendia estabelecer contatos para, depois, evangelizá-los.

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A Survival International, organização de proteção dos povos nativos, já havia pedido às autoridades indianas que não tentassem montar uma operação para resgatar o corpo do americano.

Além de provocar um choque de civilizações, o contato com o mundo exterior poderia ser fatal para os sentinelas que, tendo evoluído à margem da humanidade, não possuem sistema imunológico adaptado aos agentes infecciosos trazidos por intrusos.

“O risco de uma epidemia mortal de gripe, sarampo ou outra doença externa é real e aumenta com cada contato desse tipo”, declarou em comunicado Stephen Corry, diretor da Survival International.

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Investigações

A polícia abriu uma investigação e prendeu sete pessoas, incluindo seis pescadores, acusados ​​de terem ajudado o viajante americano em seu projeto de chegar na ilha. Os especialistas excluem sanções contra a tribo.

Chau viajou à ilha acompanhado dos pescadores para “evitar” as patrulhas na região. Pagou cerca de 350 dólares para isso.

“Na manhã de 17 de novembro, os pescadores viram uma pessoa morta sendo enterrada na praia que, pela silhueta, vestimenta e circunstâncias, parecia ser John Allen Chau”, explicou o diretor-geral da polícia do arquipélago de Andaman, Dependra Pathak.

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Os homens retornaram a Port Blair, capital das Ilhas Andaman, e avisaram ao amigo local de Chau que, por sua vez, contatou os familiares do familiares nos Estados Unidos. As autoridades indianas tomaram conhecimento do ocorrido por meio do consulado americano em Chennai.

Na terça-feira 27, as autoridades fizeram um reconhecimento aéreo da ilha e, nesta quarta-feira, uma delegação de altos comandantes viajou para a região em uma embarcação para tentar identificar o local onde estaria o corpo.

Missionário

Embora o caso tenha desencadeado uma tempestade de críticas, uma parte do mundo evangélico americano transformou o jovem em um “mártir”. Segundo eles, a sua morte faz parte da longa lista de missionários assassinados durante séculos em suas ações para disseminar o Cristianismo.

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Em um comunicado publicado no perfil da vítima no Instagram, sua família “perdoou” os responsáveis pela morte e pediu a libertação dos detidos em Andaman, já que Chau viajou “por vontade própria”.

Em sua conta na rede social, o jovem refletia a imagem de um aventureiro. Mas seu diário de bordo, que manteve até as suas últimas horas, revelou que sua aventura foi preparada por um longo tempo e secretamente, “em nome de Deus”.

No ano passado, ele se juntou à organização de missionários All Nations, que lhe forneceu treinamento.

(Com AFP e EFE)

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