O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que ordenou o fechamento de quatro bancos pequenos na semana passada, disse nesta quinta-feira que vai nacionalizar dois deles, o Bolívar Banco e o Banco Confederado SA. Na quarta, Chávez ameaçou intervir em mais instituições, provocando o início de uma corrida para saques.
Dos quatro bancos fechados, dois haviam sido liquidados na segunda-feira, o Canárias de Venezuela CA e o Provivienda, ou Banpro. Ao fechá-los, Chávez citou irregularidades que vão desde desrespeito às quotas de empréstimos impostas pelo governo até falhas em explicar expansão do capital. Na segunda-feira, o governo indicou que o Bolívar e o Confederado estavam em melhor forma do que o Canárias e o Banpro e sugeriu que poderiam ser fechados apenas temporariamente enquanto administradores do governo tentavam recuperá-los.
Chávez disse nesta quinta que, embora o governo tenha considerado “reabilitar” o Bolívar e o Confederado e devolvê-los ao setor privado, decidiu, por fim, estatizá-los. “Estes bancos agora se tornam parte do sistema financeiro público”, disse Chávez em discurso pela televisão.
Devolução – Os quatro bancos, controlados pelo bilionário Ricardo Fernandez, eram relativamente pequenos, respondendo por 6% dos depósitos no sistema bancário. Chávez afirmou aos clientes dos bancos que a maioria do dinheiro será devolvida aos depositantes e que o governo fará o que puder para evitar um problema bancário sistêmico.
Chávez nacionalizou dezenas de companhias como parte de sua marcha para o que ele chama de socialismo do século 21. Mas boa parte do sistema bancário havia até agora permanecido em mãos privadas.
Os acontecimentos das duas últimas semanas, incluindo a ameaça que Chávez fez ontem de nacionalizar outros bancos, desencadeou temores de que todo o sistema bancário possa estar com problemas.
O espectro de um aperto na liquidez atingiu os bancos menores e alimentou a demanda por dólares. Esta tarde em Caracas, o dólar era negociado em torno de 6,1 bolívares depois de chegar a 6,3 bolívares. Na sessão anterior, o dólar estava em 5,8 bolívares e, na semana passada, antes que os temores com os bancos começassem, o dólar era cotado a 5,2 bolívares no mercado paralelo.
A taxa oficial da Venezuela está fixada em 2,15 bolívares por dólar, mas é cada vez mais difícil obter autorização do governo para comprar dólares ao câmbio oficial. Muitas pessoas e empresas recorrem ao paralelo para conseguirem os dólares de que precisam.
Confiança – As declarações de Chávez “têm sido contraproducentes e não deram confiança ao sistema financeiro”, disse Boris Segura, economista para América Latina do Royal Bank of Scotland. “Há vários bancos muito semelhantes aos que sofreram intervenção”, o que amplia o temor dos depositantes, disse Segura. “As pessoas estão reagindo com os pés e perguntando depois”, disse.
Russ Dallen, do BBO Financial Services em Caracas, disse que a Venezuela essencialmente enfrenta uma crise de liquidez. “Há corridas virtuais a alguns bancos e as pessoas agem para tirar o dinheiro das instituições” que supostamente estariam com problemas.
(Com Agência Estado)