Hong Kong sofre a maior queda populacional de todos os tempos
Especialistas afirmam que fenômeno é devido ao êxodo provocado pelas rígidas medidas contra a Covid-19 e à repressão de Pequim
O Departamento de Censo e Estatística de Hong Kong informou na quinta-feira, 11, que a cidade registrou sua queda anual mais acentuada na população desde que o governo começou a rastrear os números em 1961. De acordo com os dados, a população total caiu de 7,41 milhões de pessoas para 7,29 milhões, um declínio de 1,6%.
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Embora as autoridades chinesas atribuam o fenômeno a uma diminuição “natural” causada pela redução de nascimentos e aumento das mortes, especialistas apontam outros fatores que tiraram o brilho do centro financeiro, anunciado como “a metrópole global da Ásia”.
Empresário e líderes do setor industrial afirmam que as pesadas restrições para o controle da Covid-19 na cidade afastaram moradores, viajantes e expatriados da região autônoma chinesa.
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Enquanto o resto do mundo começava o movimento de reabertura pós-Covid, Hong Kong continuou fechando fronteiras, suspendendo rotas aéreas e impondo quarentenas obrigatórias e medidas de distanciamento social durante meses.
Cerca de 113.200 residentes deixaram Hong Kong no ano passado, em comparação com 89.200 no ano anterior, informou o órgão estatístico. Os números incluem expatriados e outros residentes não permanentes.
O governo reconhece o êxodo mais acentuado, explicando que que alguns habitantes de Hong Kong podem ter escolhido se estabelecer em outro lugar durante a pandemia. Contudo, as autoridades chinesas minimizaram a queda da população sugerindo que a região ainda era um movimentado centro financeiro.
Recentemente, a cidade tem se esforçado para atrair antigos moradores e turistas suspendendo proibições de voos e reduzindo de sete para três dias o período de quarentena para viajantes.
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Covid à parte, especialistas dizem que outro fator por trás do êxodo é a repressão política de Pequim à cidade.
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Após os protestos pró-democracia e antigoverno de Hong Kong em 2019, Pequim impôs uma lei de segurança nacional abrangente, sob a qual o governo praticamente eliminou organizações de oposição.
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Desde que a lei foi introduzida, muitos ativistas, profissionais da imprensa e legisladores fugiram para o exterior, temendo ser processados pelo governo.
A saída de opositores ao regime também foi facilitada quando países como Reino Unido, Austrália e Canadá abriram novas vias de visto para os cidadãos de Hong Kong. Muitos também se refugiaram na ilha democrática e autônoma de Taiwan.