Hamas pausa negociações de reféns até Israel interromper ataques a Gaza
Declaração ocorre em meio à viagem do líder político do grupo palestino radical, Ismail Haniyeh, ao Egito, para tratar sobre um possível cessar-fogo
Um funcionário do Hamas informou nesta quinta-feira, 21, que não haverá nenhuma negociação sobre uma nova libertação de reféns até que Israel interrompa permanentemente os ataques contra Gaza. A declaração ocorre em meio à viagem do líder político do grupo terrorista palestino, Ismail Haniyeh, ao Egito, para tratar sobre um possível cessar-fogo entre as partes do conflito.
“Não podemos falar de negociações enquanto Israel continua a sua agressão. A discussão de qualquer proposta relacionada com prisioneiros deve ocorrer após a cessação da agressão”, afirmou Taher Al-Nono, conselheiro de mídia de Haniyeh, à agência de notícias Reuters.
“Conversamos com os nossos irmãos no Egito, delineando a nossa posição sobre esta agressão e a necessidade urgente de a parar como prioridade máxima”, acrescentou.
Apesar do duro posicionamento, outra fonte do grupo palestino disse à Reuters que Haniyeh e representantes do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, estavam discutindo quais cativos seriam trocados por prisioneiros palestinos, detidos em prisões israelenses. Para dar continuidade às complexas negociações, espera-se que o chefe da Jihad Islâmica, aliada do Hamas que também mantém reféns, aterrisse no Cairo nesta quinta-feira.
O último cessar-fogo
De um lado, o Hamas demanda uma longa trégua. Do outro, Netanyahu bate o pé e descarta a interrupção das incursões até a “eliminação total” dos militantes em Gaza, como discursou nesta quarta-feira. A mera visita de Haniyeh, no entanto, já é vista como um sinal positivo, já que foi organizada na sua última estadia no país a primeira, e única, trégua na guerra.
Mediado pelo Catar, Egito e Estados Unidos, o acordo perdurou por uma semana e possibilitou a soltura de 105 pessoas sequestradas pelo Hamas e de 240 palestinos presos por Tel Aviv. Acredita-se que ao menos 129 cidadãos de diferentes nacionalidades, incluindo um israelo-brasileiro, ainda estejam sob controle dos militantes. Até o momento, o conflito registrou 20 mil vítimas palestinas, a maioria mulheres e crianças, e 1.200 israelenses.
Entraves no Conselho de Segurança
Em meio à escalada de mortes, o Conselho de Segurança das Nações Unidas falhou repetidamente em chegar a um consenso para uma resolução conjunta sobre a guerra. Foi a vez dos Emirados Árabes Unidos de apresentar sua proposta, que incluía a “suspensão das hostilidades” e o aumento da ajuda humanitária a Gaza.
A pedido dos Estados Unidos, a votação foi adiada. Os diplomatas americanos reclamam que as cláusulas do texto davam à ONU função exclusiva de monitorar os comboios que entrariam no enclave palestino, sem mencionar qualquer participação de Israel. Os representantes de Biden, então, demandam que a consulta ao governo Netanyahu esteja prevista no documento.