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Haiti: Gangues fecham comércio de combustível e exigem renúncia de premiê

Por bloqueio de principal terminal e sob clima de insegurança, motoristas se recusam a trabalhar, resultando em greve nacional que já dura três dias

Por Da Redação
27 out 2021, 19h41

Acentuando um vácuo de poder deixado pelo assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho, gangues criminosas que controlam amplas faixas de Porto Príncipe bloquearam o principal terminal de distribuição de combustíveis do Haiti, impedindo que caminhões entrem na capital.

Para colocar um fim ao bloqueio do porto de Varreux, no bairro de Cité Soileil, o ex-policial Jimmy Cherisier, conhecido como Barbecue e líder da principal gangue armada do país, exigiu nesta quarta-feira, 27, a renúncia do primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry.

“Nossa demanda é clara, pura e simples. Nossa exigência é a renúncia do primeiro-ministro”, disse em entrevista à Rádio Mega o líder do chamado G-9, formado no ano passado por nove das quadrilhas que atuam em todo o país.

Segundo Cherisier, o grupo permitirá a passagem segura de caminhões que transportam combustíveis assim que Henry deixar o cargo. “Se Ariel Henry se demitir às 8h, às 8h05 vamos desobstruir a estrada e todos os caminhões poderão pegar combustível”. 

Segundo ele, o premiê deve deixar o cargo já que foi citado na investigação da morte de Moïse, que ainda não foi esclarecida, apesar da prisão de mais de 20 mercenários. Em setembro, o procurador do Haiti, Bed-Ford Claude, foi demitido poucas horas depois de pedir que o juiz responsável pela investigação do caso incluísse o premiê como suspeito. 

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Em documento ao juiz Garry Orélien, responsável pelo caso, o procurador Bed-Ford Claude afirma que registros telefônicos mostram que Henry se comunicou duas vezes com um dos principais suspeitos do assassinato na noite do crime. O suspeito em questão é um ex-funcionário do Ministério da Justiça que está foragido e foi publicamente defendido por Henry.

Escassez

A escassez tem aumentado nas últimas semanas devido a ataques a transportadores e chegou a um ponto crítico nos últimos dias devido ao bloqueio de estradas que levam a depósitos de combustível localizados na região portuária da capitalPor conta do bloqueio do terminal, motoristas se recusam a trabalhar, o que levou a uma greve nacional que já dura três dias.

Além da profunda crise política resultante da morte do presidente, o país sofreu recentemente com um novo e brutal terremoto em meados de agosto, que deixou cerca de 2.000 mortos e milhares de desabrigados.

A falta de combustível está afetando o funcionamento de empresas, instituições públicas e hospitais, já que a maioria deles utiliza geradores elétricos movidos a derivados de petróleo.

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A crise obrigou a suspensão dos atendimentos em 50 centros de saúde do país, 15 deles em Porto Príncipe, e, caso não ocorra um reabastecimento, outros hospitais e clínicas estarão na mesma situação em alguns dias, segundo dados do Unicef.

O Gabinete de Proteção ao Cidadão, órgão independente do governo, culpou a comunidade internacional pela “possível catástrofe humanitária” que pode ocorrer nos hospitais devido à falta de combustível. Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o órgão pediu também para que os grupos armados abram corredores humanitários para permitir a distribuição de combustível aos hospitais.

Desde o fim de semana passado, vários estabelecimentos de saúde têm alertado para a situação que enfrentam, sem terem encontrado uma solução para a escassez. O pediatra Jean disse à Agência Efe que a greve e a falta de combustível “paralisaram todos os serviços”, motivos pelos quais o hospital não está fazendo novas internações, pois “não há materiais suficientes para satisfazer todas estas necessidades”.

O Hospital Universitário La Paix, na capital, deveria ter recebido 5.000 galões de combustível nos últimos dias, mas o fornecedor ainda não tem uma solução segura para chegar ao local, de acordo com a organização da ONU.

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