Governo venezuelano acusa americano de conspiração
Homem é acusado de financiar protestos para "desestabilizar o país e provocar uma guerra civil"
O ministro do Interior da Venezuela, Miguel Rodriguez, anunciou nesta quinta-feira a prisão de um americano sob a alegação de que ele estaria financiando manifestações de estudantes de oposição. Este é mais um capítulo da série de acusações do governo venezuelano que atingem o inimigo externo Estados Unidos.
O cidadão americano foi identificado como Timothy Hallet Tracy. A tese venezuelana é que ele estaria envolvido em planos para “desestabilizar o país e provocar uma guerra civil”. O ministro indicou que o americano trabalharia para uma agência de inteligência, e que receberia dinheiro de algumas ONGs estrangeiras.
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“Identificamos um norte-americano que começou a manter relações estreitas com os jovens da ‘Operação Soberania”, afirmou o ministro, em uma entrevista coletiva. Operação Soberania é o nome de um grupo de estudantes que organizou vários protestos para exigir transparência do governo nas informações sobre a saúde de Hugo Chávez, morto no início de março. Eles também fizeram manifestações nas últimas semanas para pedir eleições justas e transparentes e, em seguida, contra os resultados do pleito.
A tese é de que o americano estaria vinculado a atos de violência nos protestos que se seguiram à eleição presidencial do último dia 14, vencida pelo governista Nicolás Maduro com uma margem bastante estreita, de menos de 300.000 votos em relação a Henrique Capriles. A oposição reclama de fraude. No dia seguinte à eleição, nove venezuelanos morreram ao participar de protestos – segundo números do governo.
Desde a morte de Hugo Chávez, seu herdeiro político tem feito uma série de acusações contra opositores sem apresentar provas. As teses vão desde um plano para matá-lo até uma alegada sabotagem no setor de energia elétrica – que, na verdade, sofre há anos com falta de investimentos. Esta semana, o governo decretou estado de emergência no Sistema e Serviço Elétrico Nacional, por um período de 90 dias, durante os quais os militares ficarão responsáveis por “resguardar o sistema elétrico”.
Para a oposição, as acusações de Maduro servem apenas para tirar o foco dos venezuelanos dos problemas do país, incluindo a criminalidade, a inflação alta e os frequentes apagões.
Estados Unidos – O anúncio sobre a prisão do americano ocorre apenas dois dias depois da nomeação do novo encarregado de negócios nos EUA e da oferta de diálogo com o governo americano, depois de várias acusações de que Washington estaria “interferindo” nos assuntos internos da Venezuela. Na última semana, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse que o governo ainda não havia decidido se reconhecia ou não Maduro como presidente, diante dos problemas relacionados à eleição.
Em março, Maduro disse que o Pentágono e a CIA planejavam matar Capriles e desencadear um golpe antes das eleições de abril. Os Estados Unidos, claro, sempre negaram as acusações.
No dia 5 de março, pouco antes do anúncio sobre a morte de Chávez, Maduro fez um longo pronunciamento no qual anunciou a expulsão de americanos que participariam de um plano de desestabilização contra o Exército venezuelano. Também sugeriu que a doença do coronel decorreu de um “ataque” de seus inimigos.
(Com agências Reuters e France-Presse)