Os principais candidatos às eleições presidenciais da França – François Fillon, Benoît Hamon, Marine Le Pen, Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon – se enfrentaram no primeiro debate televisivo dessas eleições, na noite de segunda-feira. O embate de três horas e meia foi focado em ataques à candidata de extrema direita e discussões entre Le Pen e Macron, seu rival mais forte nas urnas.
A líder da Frente Nacional contestou a União Europeia (UE) e atacou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. “Eu realmente quero ser a presidente da França, não a vice-chanceler de Merkel. Quero garantir a independência nacional, em conformidade com a Constituição e defender os nosso valores, identidade nacional e tradições”, afirmou.
Ex-ministro da Economia, Macron iniciou o debate comedido, um reflexo de sua nula experiência como candidato a um cargo público. O fundador do movimento Em Marcha, porém, mostrou suas garras quando alfinetado por Le Pen, que o acusou de ser a favor do burkini – traje de banho muçulmano que foi motivo de polêmica na França. “Você está mentindo ao manipular a verdade”, disse Macron.
Em relação à segurança nacional, o discurso de Le Pen se assemelhou aos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – anti-imigração e insistente no combate radical ao terrorismo. “Os setores jihadistas representam uma grande ameaça para os franceses. Eu quero parar a imigração, legal e ilegal, e assumo totalmente o meu ponto de vista”, afirmou a candidata.
De centro-direita, Fillon adotou um tom menos agressivo que o de Le Pen sobre a imigração, mas comentou que “a situação social e econômica dos nossos países deve nos levar a impor limites às entradas em nosso território”. O candidato já esteve logo atrás de Le Pen nas pesquisas, porém, pode perder seu lugar no segundo turno para Macron, após ter a reputação manchada por um escândalo de corrupção. “Eu tenho algumas falhas. Quem não tem? Mas sei comandar uma pequena cidade, uma região, um governo”, concluiu Fillon.
O candidato socialista Benoît Hamon e o líder da extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon, tentaram aumentar seus índices de intenção de voto, ao também se voltarem contra Le Pen. Hamon disse que a atitude da candidata era “doentia” após ela ter descrito as escolas francesas como “um pesadelo diário”. Já Mélenchon ironizou a “prudência” dos rivais, por evitarem tocar nos temas de corrupção que perseguem Le Pen e Fillon.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)