O departamento de educação da Flórida, nos Estados Unidos, confirmou nesta segunda-feira, 18, a rejeição de uma lista de 54 livros didáticos de matemática do currículo escolar do próximo ano. Autoridades citaram supostas referências a “tópicos proibidos”, como a chamada teoria racial crítica, como justificativa para as proibições.
Em comunicado, o departamento disse que alguns dos livros não cumprem os padrões de conteúdo do estado, as Referências para Raciocínio Estudantil de Excelência (tradução livre de Benchmarks for Excellent Student Thinking, ou Best). No entanto, 21% dos livros foram proibidos “porque incorporam conteúdo de tópicos proibidos ou estratégias não solicitadas, incluindo CRT [teoria racial crítica, na sigla em inglês]”.
A teoria racial crítica é uma prática acadêmica que examina as maneiras pelas quais o racismo opera nas leis e na sociedade dos Estados Unidos. O comunicado não lista os títulos dos livros nem fornece citações do conteúdo para justificar as proibições.
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O anúncio segue uma série de medidas radicais dos membros do Partido Republicano no estado para alterar as políticas educacionais no Ensino Fundamental e Médio. As medidas fazem parte de um contexto de guerras culturais políticas no país, em que conservadores miram a questão da teoria racial crítica como principal inimigo a ser combatido nas escolas.
Em junho do ano passado, o conselho de educação da Flórida decidiu proibir o ensino da teoria racial crítica nas escolas públicas. Um dos principais exemplos banidos foi o uso do Projeto 1619 do jornal americano The New York Times como material de ensino. O projeto examina a história americana à luz do sistema escravocrata e as consequências da construção do país em cima do trabalho escravo.
Em comunicado, o governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, parabenizou o anúncio do departamento de educação e acusou alguns editores de livros didáticos de “doutrinar” crianças com “conceitos como essencialismo racial, especialmente alunos do ensino fundamental”.
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Os democratas da Flórida repreenderam a proibição dos livros. O deputado estadual Carlos Smith publicou no Twitter que DeSantis “transformou nossas salas de aula em campos de batalha políticos, e essa medida é apenas o começo”.
Outros estados controlados pelos republicanos nos Estados Unidos aprovaram medidas que buscam proibir o ensino da teoria racial crítica, que provavelmente será um importante ponto de discussão nas eleições de meio de mandato deste ano, em que americanos escolherão senadores e deputados.
Muitos desses projetos de lei e ordens são redigidos de forma vaga, levando a temores de censura em escolas e faculdades de todo o país.