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Governador Ron DeSantis: o homem que pode dar um susto em Trump

Republicano com impecável currículo conservador, o político da Flórida já começa a receber cotoveladas do ex-presidente, que só pensa em 2024

Por Vilma Gryzinski 18 jan 2022, 07h50

É possível estar à direita de Donald Trump? Com toda certeza e Ron DeSantis, o governador da Flórida é uma prova disso.

Recentemente, ele disse que teria aconselhado Trump de maneira diferente se soubesse o que sabe agora sobre as falhas dp método de confinamento como instrumento de combate à pandemia (foi em março de 2020, quando o ex-presidente instou os americanos a ficar em casa para enfrentar o vírus).

Para deleite da grande imprensa pró-democrata, Trump tem espetado DeSantis,  lembrando que ele o “fez” governador, no que tem uma boa dose de razão. O ex-presidente também deu uma indireta diretíssima ao criticar figuras públicas “covardes” que não assumem ter tomado as três doses de vacina contra a Covid – uma referência à entrevista na Fox na qual o governador se esquivou de dar uma resposta direta sobre seu status vacinal.

Em sigilo de fonte, assessores vazaram que, na opinião de Trump, o governador tem uma “personalidade opaca”.

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Por que os golpes disfarçados? Porque tanto Trump quanto DeSantis só pensam naquilo: a candidatura presidencial em 2024.

Teoricamente, Trump nem deveria estar preocupado. Pesquisa recente mostra que 54% dos republicanos apoiam sua candidatura, contra 11% para DeSantis e 8% para o ex-vice-presidente Mike Pence. DeSantis salta para um primeiro lugar disparado caso Trump esteja fora da concorrência, uma possibilidade remota.

Trump está no seu papel e DeSantis no dele. Sendo a posição do governador mais difícil: tem que conciliar sua ambição à necessidade de não demonstrar o menor sinal de deslealdade a Trump. Caso aconteça um cataclismo mundial ou uma invasão de alienígenas e Trump não seja candidato, o seu endosso tem um valor inestimável.

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DeSantis tem uma vantagem imbatível em relação a Trump: o tempo. Com apenas 43 anos, pode armar uma candidatura presidencial agora, mirando o ciclo seguinte, em 2028.

Tem também um currículo de derreter corações conservadores. Embora seja tratado como um peso leve em termos de patrimônio intelectual, ele estudou história em Yale e se formou em direito em Harvard. Fez carreira no braço jurídico da Marinha, assessorando o Time Um dos Seals, os legendários comandos especiais, no Iraque e a acusação contra os réus por terrorismo em Guantánamo.

Foi a pandemia que o tornou uma figura nacional. Ele fez na Flórida tudo o que governadores democratas não fizeram em seus estados. Não só resistiu ao apelo dos lockdowns, como proibiu que governos municipais decretassem o confinamento coletivo. As escolas da Flórida foram proibidas de exigir o uso de máscara para os alunos.

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As previsões de que a Flórida se transformaria no epicentro da catástrofe não se concretizaram. Em termos absolutos, o estado ficou em terceiro lugar em número de mortos pela Covid, 63 mil pessoas. Em mortes por um milhão de habitantes (2 907), ficou atrás, embora não muito, de estados democratas como Nova York, Nova Jérsei e Pensilvânia.

Tudo o que DeSantis, descendente distante de italianos, faz é focado no embate ideológico. Ele ofereceu, por exemplo, não só contratar como dar um bônus de cinco mil dólares a policiais de outros estados que são alvo de investigação interna ou se recusam a tomar a vacina contra a Covid. Também proibiu a participação de mulheres trans em competições esportivas nas escolas da Flórida.

“Os críticos veem tudo como uma fanfarra de autoritarismo”, escreveu, nada surpreendentemente, o esquerdista The Guardian, acusando o governador de focar em “problemas que não existem na Flórida”.

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Com menos fanfarra, DeSantis promoveu uma campanha para registrar eleitores republicanos. Numa virada histórica, pela primeira vez no fim do ano passado o Partido Republicano teve mais eleitores registrados do que o Democrata.

A Flórida é um estado complexo, com um PIB de quase um trilhão de dólares e uma população que mistura aposentados, incluindo grande número de judeus, que se mudam para lá por causa do clima ameno, e a explosiva vida gay de centros litorâneos como Miami Beach. 

Dos 21 milhões de habitantes, cinco são latinos ou hispânicos, o que não significa um bloco único. Com cubanos e venezuelanos se manifestando ruidosamente em favor de Trump, o ex-presidente teve quase 52% dos votos na eleição vencida nacionalmente por Joe Biden.

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A oposição democrata é forte no estado e o tom ideologizado de DeSantis pode passar a imagem de um “mini-Trump” – por que endossar a versão em lugar do original? Em sigilo total, há republicanos dizendo que DeSantis promoveria exatamente a mesma pauta que Trump, sem carregar a imagem desagregadora que o ex-presidente tem.

Sua principal tarefa no momento é ser reeleito governador. No campo pessoal, acompanha a mulher, que faz quimioterapia por causa de um câncer de mama. Num perfil dele do site Politico, quando Trump ainda era presidente, um ex-assessor, evidentemente anônimo, diz que DeSantis é “uma das pessoas mais inteligentes e mais calculistas que já conheci, e isso não é no sentido negativo. Ele não faz nada ao acaso”.

Descreve a reportagem: “Ele não é um menino de recados da Casa Branca, mas um player teimosamente independente cuja ambição presidencial supera amplamente qualquer lealdade ao presidente”.

Os próximos dois anos deixarão claro para onde essa ambição o levará. Uma candidatura presidencial para valer, uma jogada estratégica para 2028, um confronto aberto com Trump? O ex-presidente, para quem qualquer coisa menos que lealdade incondicional é uma afronta, já começou a acusar alguns golpes.

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