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Favorita a premiê diz que britânicos não têm ‘habilidades’ de estrangeiros

Em áudio vazado, conservadora dá a entender que falta empenho para mudar cultura de trabalho para que país possa se tornar mais próspero

Por Matheus Deccache 16 ago 2022, 17h49

A favorita para assumir o cargo de primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, atacou os trabalhadores britânicos dizendo que eles precisavam de mais garra, sugerindo que eles não tinham a mesma “habilidade e aplicação” de concorrentes estrangeiros, de acordo com o jornal The Guardian

Os comentários foram obtidos através de um áudio gravado enquanto ela era secretária-chefe do Tesouro, cargo que ocupou até 2019. Na gravação, a conservadora dá a entender que falta empenho por parte dos britânicos em mudar a cultura de trabalho para que o país possa se tornar mais próspero, sugerindo que a disparidade é “parcialmente uma coisa de mentalidade ou atitude”.

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Além das críticas, Truss tentou também fazer uma diferenciação entre os trabalhadores de Londres e os de outras regiões do país. De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas Britânico, a capital inglesa realmente teve um nível de produtividade maior em relação a qualquer outra cidade do Reino Unido. 

No entanto, isso pode ser justificado devido à presença de grandes multinacionais sediadas em Londres, maior envolvimento com pesquisa e desenvolvimento, tamanho das empresas e nível de exportações e infraestrutura de transporte.

“Se você olhar para a produtividade, é muito, muito diferente em Londres do resto do país. Mas isso é um fato histórico há décadas. Essencialmente, é em parte uma coisa de mentalidade e atitude, eu acho. É cultura de trabalho. Se você for para a China é bem diferente, posso garantir”, disse Truss. 

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Ela completou dizendo que “há uma questão fundamental da cultura de trabalho britânica e que se o país deseja ser mais rico e próspero, isso precisa mudar. Mas não acho que as pessoas estejam tão interessadas em mudar isso”.

As observações depreciativas trouxeram à tona outra fala de Truss no livro Britannia Unchained, no qual foi co-autora, dizendo que os trabalhadores do Reino Unido estavam entre os “piores ociosos do mundo”. O livro foi lançado em 2012, na época em que ela ainda era uma deputada recém-eleita buscando deixar sua marca como uma política inspirada na ex-premiê Margaret Thatcher.

No primeiro debate televisivo entre candidatos, que foi ao ar em julho, ela negou ter escrito o capítulo e culpou um de seus colegas, dizendo que “cada autor escreveu uma parte diferente e Dominic Raab, que escreveu este, está apoiando Rishi Sunak”. Em resposta, Raab disse que todos os autores assumiram responsabilidade coletiva pelo conteúdo do livro e cabia a Liz explicar porque mudou de opinião. 

As falas de Truss sobre a produtividade dos trabalhadores britânicos podem ser particularmente prejudiciais para sua campanha, já que no início deste mês ela foi forçada a recuar nos planos de cortar os salários do serviço público fora da capital após um protesto de parlamentares conservadores.

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Mesmo tendo publicado detalhes específicos sobre o projeto, ela alegou ter havido uma “deturpação intencional” de sua política, mas confirmou que estava abandonando os planos voltados para pagamento de funcionários do setor público. 

“Esses comentários de meia década não têm contexto, mas uma coisa que está mais clara hoje do que nunca é a necessidade de aumentar a produtividade, o que leva a salários mais altos e melhor qualidade de vida para trabalhadores em todo o Reino Unido. Como primeira-ministra, Liz entregará uma economia com altos salários, alto crescimento e baixos impostos”, disse uma fonte da campanha da candidata.

Conhecida como a nova Margaret Thatcher devido à suas opiniões políticas, Liz Truss ultrapassou seu adversário, Rishi Sunak, no final de julho e aparece como a favorita para assumir o cargo de primeira-ministra britânica. De acordo com pesquisa de opinião feita pelo YouGov, ela já lidera as intenções de voto por 24 pontos. 

Número de trabalhadores estrangeiros cresce

Nesta terça, o Reino Unido registrou seu maior aumento de trabalhadores de outros países desde o início da pandemia da Covid-19, em 2020, impulsionado principalmente por mão de obra de fora da União Europeia. 

Os dados do Escritório Nacional de Estatísticas mostraram que o número de trabalhadores nascidos no exterior aumentou 223.000 no ano até o final de junho, um crescimento de quase 40.000 pessoas na comparação até março.

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Os números mais recentes confirmam uma grande mudança nos padrões de migração em comparação com antes do Brexit. Os trabalhadores de fora da União Europeia aumentaram 189.000, enquanto o número de trabalhadores da UE aumentou 34.000 no último ano. Dados anteriores do governo mostraram que Índia, Nigéria e Filipinas foram os países cujos cidadãos receberam os vistos de trabalho mais qualificados no ano até março.

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