O Facebook tirou do ar perfis e páginas da Itália que divulgavam informações falsas, discurso de ódio e propaganda política antes das eleições parlamentares da União Europeia (UE). A medida levou a oposição italiana a convocar uma reunião extraordinária para debater leis mais rígidas para conter a desinformação online.
“Nós removemos várias contas falsas e duplicadas que estavam violando nossas políticas de autenticidade”, disse o Facebook em um comunicado no domingo 12.
A rede social também deu fim a páginas que estavam postando fake news, bem como algumas que tinham começado como perfis não políticos, mas passaram a difundir propaganda eleitoral.
A decisão do Facebook foi anunciada depois que a rede internacional de ativistas Avaaz afirmou ter conduzido uma investigação e encontrado 23 páginas no Facebook que espalhavam informações falsas, como citações inventadas e anti-imigração.
“Isso é mais uma prova de que mentiras destinadas a semear o ódio e a divisão em nossas sociedades estão sendo disseminadas deliberadamente nas mídias sociais antes das eleições na UE”, afirmou o diretor de campanha do Avaaz, Christoph Schott.
A organização apontou que as páginas em questão tinham cerca de 2,5 milhões de seguidores no total.
Mais de uma dúzia de páginas apoiava os partidos italianos de extrema direita Liga e Movimento 5 Estrelas. As duas legendas formam a coalizão que governa a Itália atualmente.
Projeto de lei
Em resposta à decisão da rede social, senadores da oposição na Itália, incluindo o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, disseram que, em breve, apresentarão ao Parlamento uma proposta de lei para prevenir de forma mais adequada e combater de maneira mais eficaz notícias falsas.
Por volta de 40 legisladores assinaram um comunicado dizendo que as notícias sobre o fechamento das páginas “mostram a urgência de uma intervenção do Parlamento”.
Em entrevista nesta segunda, Renzi afirmou que também pretende solicitar a abertura de uma comissão parlamentar de investigação para apurar a origem e o impacto das fake news nas últimas campanhas eleitorais do país.
“O Facebook se tornará um recurso civil apenas quando todos puderam comentar somente com seu próprio nome e sobrenome, não tendo acesso a perfis e páginas falsa”, afirmou o ex-premiê que hoje ocupa o cargo de senador.
Segundo o jornal La República, Renzi também atacou diretamente o Liga, afirmando que parte do fundo eleitoral do partido foi usado para pagar propaganda focada em informações falsas.
Já o líder do partido de extrema direita e ministro do Interior, Matteo Salvini, minimizou o impacto das páginas falsas. “Há tantas notícias falsas, mesmo em jornais oficiais”, disse Salvini, afirmando que “garantirá que as eleições sejam regulares”.
Ele acrescentou que o Facebook “faz o seu trabalho e faz bem”. “O que me interessa é que as eleições sejam claras, transparentes e bem organizadas ”. afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)